
16 maio #15M- Manifestação contra os cortes na educação e contra a reforma da previdência leva milhares para praça de Uberlândia.
Por Jhyenne Gomes e Tuila Tachikawa
Na tarde desta quarta-feira (15), trabalhadores de diversos setores, técnicos administrativos, professores das rede municipal e estadual de ensino, docentes universitários e estudantes se reuniram na Praça Ismene Mendes*, no centro de Uberlândia, para manifestarem contra os cortes na Educação, recém anunciados pelo presidente, e contra a Reforma da Previdência. O ato ocorreu em cidades de todo o país e levou milhões de pessoas às ruas. Na cidade, o protesto durou três horas, mas a quantidade de participantes é incerta: os movimentos de organização, como Associação dos Docentes da Universidade Federal de Uberlândia (ADUFU) e o Sindicato dos Trabalhadores Técnico – Administrativos em Instituições Federais de Ensino Superior de Uberlândia (SINTET), estimaram 20 mil manifestantes, e a Polícia Militar (PM), estimou 5 mil pessoas.

Intervenção Artística | Foto: Jhyenne Gomes
A concentração começou na praça por volta das 15h, com uma intervenção artística: os manifestantes se sentaram e leram, por 15 minutos, livros que eles próprios tinham levado. Em seguida, seguiram caminhando pela Avenida Floriano Peixoto. O grupo parou em frente à loja EletroZema, de propriedade do Governador de Minas Gerais, Romeu Zema, para um protesto simbólico contra as medidas do governo estadual.

Fachada da loja EletroZema, na Av. Afonso Pena. Uberlândia-MG | Foto: Jhyenne Gomes
Jorgetânia Ferreira, professora da UFU e integrante da Frente Povo Sem Medo, explica o posicionamento dos manifestantes quanto ao governo de Romeu Zema: “Infelizmente, o governo do Estado de Minas Gerais não está diferente do Governo Federal, que tem um projeto conservador, elitista e excludente para a nação, que vai penalizar ainda mais as mulheres, negras e negros, pobres e LGBT’s”, disse. Ela ressaltou que o atual governador decidiu pelo encerramento do projetode escola integral, deixando de atender cerca de 90 mil estudantes da rede estadual e prejudicando crianças e jovens que tinham, nesta proposta, a chance de acesso à educação e de aprendizado. “Vemos com muita preocupação a ideia de acabar com as escolas de tempo integral quando essas escolas deveriam ser melhoradas para garantir o direito de crianças e adolescentes, bem como o direito das famílias de terem suas crianças em lugares seguros”. Para ela, a decisão também prejudica professores e servidores da educação. “ A marca desse governo é elitista, contra os trabalhadores, contra a educação. Infelizmente, estamos vivendo isso nas três esferas do executivo e essa manifestação de hoje mostrou que os movimentos sociais, as escolas públicas e as universidades marcaram esse dia de luta. Agora, vamos ajudar a toda a classe trabalhadora a construir uma greve geral, em 14 de junho, para barrarmos os cortes para educação, o desmonte do estado e a reforma da Previdência”.
Acompanhados do ritmo das baterias e pandeiros da bateria universitária, os manifestantes entoavam cânticos como, “É com um livro em cada mão, que o estudante vai fazer revolução”.

Jorgetânia discursando em meio aos manifestantes, contra a Reforma da Previdência e os cortes de verba na educação | Foto: Tuila Tachikawa
“Tem que ter coragem, para mexer com a universidade”
Para Luis Fernando Bezerra e Camila Soares Ferreira, membros do Programa de Educação Tutorial (PET) do curso de Economia da Universidade Federal de Uberlândia, os cortes de verba influenciarão diretamente na vida de todo o ambiente estudantil. “Queremos que as próximas gerações também tenham acesso às coisas que tivemos, como o próprio PET por exemplo, e não que ao invés disso a faculdade volte a ser um lugar elitizado”, comentam. A preocupação também se dá pelo fato de muitos destes serem beneficiados por programas sociais, sem os quais não teriam condições de permanecer na UFU, o que, consequentemente, implicaria na evasão desses estudantes.

Petianos da economia ao final da paralisação | Foto: Tuila Tachikawa
“Unificou, unificou, estudantes junto com trabalhador”

Manifestantes ocupam a Praça Ismene Mendes em Uberlândia | Foto: Jhyenne Gomes
Sebastião Elias da Silveira, técnico administrativo e Enfermeiro da UTI adulto no Hospital de Clínicas de Uberlândia (HC-UFU) conta que compareceu ao ato para manifestar contra as medidas do governo Bolsonaro que, gradualmente têm afetado a população brasileira, em continuidade às ações propostas no governo Temer, como a Reforma Trabalhista. Para ele, a Reforma da Previdência afeta os setores mais vulneráveis da sociedade. “Viemos para a rua hoje e vamos continuar nesse caminho até derrubarmos essas propostas e restaurarmos a democracia no Brasil”, enfatiza.
Silveira relata a emoção que sentiu ao ver a rápida resposta da comunidade uberlandense a estas propostas conservadoras. “Foi um ato muito lindo e de uma diversidade impressionante. Toda a classe trabalhadora está aqui representada, vi adesão do pessoal do comércio e de trabalhadores de todas as categorias, além de diversos estudantes e professores, desde o ensino básico até o universitário. É muito significativo esse ato que aconteceu na cidade de Uberlândia no dia de hoje”.
*https://www.agenciaconexoes.org/tubal-vilela-o-feminicida-absolvido/
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