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2017 registra queda nos casos de dengue, zika e chikungunya

“Novamente os criadouros estão dentro das casas dos moradores. A pesquisa apontou que, basicamente, os focos de criação do mosquito estão dentro dos domicílios e com água que veio da torneira, e não das chuvas”, explica José Humberto Arruda. | Foto: Prefeitura de Rio Claro – Divulgação

 

No final do mês de novembro do último ano, o Ministério da Saúde divulgou um grande mapeamento sobre as incidências do mosquito Aedes aegypti em todo o Brasil. O Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) foi o método utilizado para esta análise, que levou em conta o número de  ocorrências de focos do mosquito em grande parte dos municípios brasileiros.

 

Em 2017, 3.946 cidades realizaram a ação, 73% a mais que no ano anterior. Este aumento esporádico se deu devido a Resolução de número 12, de 26 de janeiro de 2017, que tornou obrigatória a realização do levantamento entomológico de infestação por Aedes aegypti nos municípios com mais de 2.000 imóveis e o envio destas informações para as Secretarias Estaduais de Saúde e, destas, para o Ministério da Saúde.

 

O LIRAa de 2017 avaliou os dados dos meses de janeiro a novembro do mesmo ano e, com isso, registrou 16,8 mil notificações de prováveis casos de zika em todo o Brasil, representando uma redução de 92,1% em relação ao mesmo período de 2016, quando foram registrados 214,1 mil. A proporção de casos por 100 mil habitantes passou de 103,9 para 8,2 casos.

 

Foram identificados 376 municípios em situação de risco de surto de dengue, zika e chikungunya, correspondendo à 9% das cidades que realizaram o LIRAa. Além disso, outros 1.139 municípios se encontravam em estado de alerta com índice de infestação de mosquitos nos imóveis que variam entre 1% a 3,9%, e 2.450 municípios com índices satisfatórios, com menos de 1% das residências com larvas do mosquito em recipientes com água parada.

 

Separados por estados, os dados foram divulgados na terça-feira do dia 28 de novembro de 2017 pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, que, juntamente, lançou a campanha publicitária de combate ao Aedes aegypti.  Na coletiva de divulgação dos dados, Barros aproveitou para destacar a importância de uma ação conjunta, contando com os estados e os municípios, para o desafio de combate ao mosquito.

 

“O enfrentamento ao mosquito Aedes aegypti é prioridade do Governo Federal. Por isso, definimos um dia de mobilização, a Sexta Sem Mosquito, quando mobilizamos ministros de Estado e autoridades locais para estarem em todos os estados do país chamando a atenção da população para a importância de combater o mosquito”, informou o ministro da Saúde. A campanha Sexta Sem Mosquito, conjunta do projeto #MosquitoNão, do setor de Combate ao Aedes do Governo Federal, promete divulgar campanhas publicitárias em suas redes sociais todas as sextas-feiras lembrando a população da importância de interromper o ciclo de reprodução do mosquito e das precauções que devem ser tomadas para o combate do vetor.

 

Apesar da recente obrigatoriedade no repasse destes dados pelos municípios, foram registradas nove capitais que não cumpriram com a resolução, sendo elas: Belém (PA), Boa Vista (RR), Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC), São Paulo (SP), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Brasília (DF) e Rio Branco (AC). De acordo com o ministro Barros, “os municípios que não informaram podem ter recursos bloqueados”.

 

As regiões Centro-Oeste e Norte apresentam as maiores taxas de incidência: 38,3 casos por 100 mil habitantes e 12,2 casos por 100 mil habitantes, respectivamente. Entre os estados, destacam-se Mato Grosso e Goiás, com 64,5 casos por 100 mil habitantes e 55,9 casos por 100 mil habitantes, respectivamente.

 

Sobre o Levantamento

 

O Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) foi publicado pela primeira vez no ano de 2005, com autoria institucional da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde do Brasil. O documento foi um marco na história da vigilância deste vetor no país e trata-se da metodologia mais simples de amostragem do mosquito.

 

Com o objetivo de facilitar a obtenção de informações que contribuam para a avaliação de programas mediante a realização de pesquisas sistemáticas e periódicas pelos serviços de saúde, o LIRAa destaca-se quanto ao fomento do uso de tais métodos para a avaliação de levantamentos entomo-epidemiológicos.

 

Esta ação, hoje obrigatória em todo o país, consegue gerar um mapa aprofundado da situação da dengue e de outras doenças relacionadas, além de ser um instrumento fundamental para o controle do mosquito portador destas doenças, o Aedes aegypti.

 

Com base nas informações coletadas pelo LIRAa, o gestor pode identificar os bairros onde estão concentrados os focos de reprodução do mosquito, bem como o tipo de depósito onde as larvas foram encontradas. O objetivo é que, com a realização do levantamento, os municípios tenham melhores condições de fazer o planejamento das ações de combate e controle do mosquito.

 

Na coletiva de divulgação dos dados coletados pelo último LIRAa, o secretário de Vigilância em Saúde, Adenilson Cavalcante, destacou em seu discurso que este levantamento é fundamental para prever ações locais. “É necessária uma visão global da situação, por isso o levantamento tem papel essencial nas decisões nacionais, mas principalmente locais, porque o levantamento traz detalhes de focos de mosquito por bairros e com isso o gestor pode prever ações efetivas de controle da proliferação do mosquito”, pontuou Cavalcante.

 

Casos e óbitos

 

Em 2017, 239.076 foi o número de prováveis casos de dengue notificados e registrados pelo Ministério da Saúde em todo o país, representando uma redução de 83,7% em relação à 2016, que foi de 1.463.007 casos. A porcentagem de óbitos pela doença também sofreu queda (82,4%) de 694 em 2016 para 122 em 2017.

 

Para os casos de dengue já em estágio grave, a redução foi de 73% de um ano para o outro, passando de 901, em 2016, para 243 em 2017. Já a dengue com sinais de alarme passou de 8.875 em 2016 para 2.209 em 2017, apresentando uma redução de 75% em relação ao mesmo período do ano anterior. A região do país com o maior número de incidência da doença foi o Nordeste.

 

Até o início do mês de novembro de 2017, 184.458 casos de febre chikungunya foram registrados, representando, em proporção nacional, 89,5 casos para cada 100 mil habitantes. Este valor também representou queda, 32,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando foram notificados 271.637 casos. O número de óbitos pelo motivo da doença, confirmados laboratorialmente foi de 149, 29,4% a menos em relação a 2016, quando o número foi de 211. Para este vírus, a região Nordeste também foi a que teve o maior número de casos registrados.

 

Para o vírus da zika, em todo o país, 16.870 casos foram notificados, representando, de todas as outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, a maior redução, 92,1% em relação ao ano de 2016. A taxa de incidência passou de 103,9 para 8,2 casos a cada 100 mil habitantes. No acompanhamento pré-natal de gestantes por todo o país, foram registrados 2.197 casos prováveis, sendo 901 confirmados por critério clínico-epidemiológico ou laboratorial.

 

Esfera uberlandense

 

No mês de março de 2017, o LIRAa foi realizado na cidade de Uberlândia e registrou aumento nos focos do mosquito Aedes aegypti dentro dos imóveis comparado ao ano de 2016. O que, no mesmo período do ano anterior, foi registrado 2,1%, neste o aumento foi para 3,5%, preocupando os dirigentes locais da área da saúde. Em nota, a Prefeitura de Uberlândia disse que o índice de infestação foi menor do que o esperado e que o principal motivo  do aumento seriam as condições climáticas registradas nos primeiros meses do ano, favoráveis para a proliferação do mosquito.

 

Para resolver o problema, ações municipais foram direcionadas para o controle do vetor logo após a divulgação dos resultados. Mutirões para recolhimento de materiais que possam acumular água parada, visitas a ferro-velhos e varredura nas residências onde foram registrados focos do mosquito foram algumas das providências tomadas. Tais ações , que reuniram uma equipe técnica do Programa Municipal de Ações para o Controle do Aedes, as Secretarias Municipais de Saúde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbanístico e Obras de Uberlândia e região e o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), em conjunto com a comunidade.

 

Para o recolhimento de resultados destas ações e cumprir a obrigatoriedade do levantamento, o LIRAa do segundo semestre de 2017 foi realizado por agentes do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e mostrou redução no número de imóveis com focos de reprodução de dengue, zika e chikungunya. A porcentagem destes focos passou de 3,5% em 2016 para 1,1% em 2017.

 

O número de casos de dengue registrados também diminuiu. De acordo com o CCZ, em 2016 foram notificados 9.249 casos, já em 2017, os casos passaram para 1.645, representando uma redução de 82%.

 

Além do perímetro urbano da própria cidade, os 160 agentes visitaram residências nos distritos de Cruzeiro dos Peixotos, Martinésia e Miraporanga. Cerca de 92% dos focos foram encontrados em áreas externas das casas, como quintais e corredores, e 8% no interior das residências, como sala, cozinha e quartos. Os bairros com maiores índices foram o Jardim Inconfidência (com 5,3% dos focos), Vigilato Pereira (com 4,6%), Carajás (4,4%), Lídice (3,8%) e Dona Zulmira (onde 2,9% dos criadouros foram encontrados).

 

Em entrevista cedida ao G1, o coordenador do Programa Municipal de Ações para o Controle do Aedes, José Humberto Arruda, afirmou que o número é considerado positivo, contudo, a população deve continuar em alerta para a prevenção da proliferação do mosquito, sobretudo nos períodos mais secos.

 

“Novamente os criadouros estão dentro das casas dos moradores. A pesquisa apontou que, basicamente, os focos de criação do mosquito estão dentro dos domicílios e com água que veio da torneira, e não das chuvas”, explicou o coordenador.

 

No início do ano de 2016, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Uberlândia divulgou o informação de que 30 casos de zika e 18 de chikungunya estavam sendo investigados na cidade. Até o dado momento, a Prefeitura apenas teria confirmado um caso de zika e dois de chikungunya. Ainda no mesmo período, 1.424 casos de dengue haviam sido confirmados no município, o que representou, durante o mês de março, 159,9 casos para cada 100 mil habitantes.

 

Paralelamente a esta situação que colocou Uberlândia em uma situação de surto do mosquito, segundo a Secretaria Regional de Saúde (SRS), três municípios da região de Uberlândia encontravam-se em epidemia: Tupaciguara, com 1.230 casos para 100 mil habitantes, Monte Carmelo, com 745 casos para cada 100 mil habitantes e Araporã, com 406 casos para cada 100 mil habitantes.

 

Em outubro do mesmo ano, período de alta dos surtos de dengue e zika em todo o país, a Prefeitura de Uberlândia realizou o LIRAa na área urbana da cidade e registrou a porcentagem de 2,1% referente ao número de imóveis com focos do mosquito Aedes aegypti, o que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), colocava o município em estado de alerta.

 

A OMS estipula que os municípios que apresentarem um porcentagem de imóveis com focos do mosquito entre 1% e 3,9%, representam estado de alerta para a população e dirigentes locais. Acima de 4%, a porcentagem coloca a cidade em situação grave e com provável risco de surto e, abaixo de 1%, representa um estado menos crítico.

 

No final de 2016, a SMS de Uberlândia registrou o número de 60 casos de zika no mesmo ano, destes, 23 confirmados em gestantes. Seis casos de recém-nascidos com microcefalia foram submetidos à investigação e rigoroso acompanhamento médico para a constatação da relação da doença com o vírus da zika.

 

Para o ano de 2018 os trabalhos já foram iniciados. Do dia oito ao dia 12 de janeiro, agentes do CCZ estarão visitando as residências e estabelecimentos do município para a conferência de possíveis focos do mosquito e assim construir o relatório da primeira LIRAa de 2018. A pesquisa é feita por seletividade, todos os bairros serão visitados, mas a amostragem será realizada em apenas 20% de cada um deles.

 

Em nota, presente no Portal da Prefeitura de Uberlândia, José Humberto Arruda destaca os esforços que foram e estão sendo desenvolvidos para o combate do vetor. “Desde o início do ano passado, seguindo uma determinação do prefeito Odelmo Leão, temos trabalhado incansavelmente no combate ao Aedes. São muitos os profissionais envolvidos, sempre com apoio de entidades parceiras, associações de moradores e da comunidade, todos conscientes da necessidade de acabar com os focos do mosquito”, disse Arruda..

 

Confira o panorama dos estados divulgado pelo Ministério da Saúde aqui.

 

Fontes: Ministério da Saúde, Prefeitura de Uberlândia e G1.

 

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