Observatório Luminar
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À beira do precipício, Temer utiliza as reformas como chantagem

Temer apela para se livrar da crise, mas situação parece insustentável. Foto: Divulgação  Na última quarta-feira (17), o atual governo do país sofreu um abalo inesperado e Michel Temer vive agora a milímetros do precipício. Áudios gravados  de uma conversa entre Temer e Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F e proprietário do frigorífico JBS, revelaram o suposto aval do presidente para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. A bomba foi divulgada pelo jornal O Globo e os registros fazem parte de um acordo de delação premiada com os empresários da JBS. Logo após a divulgação das conversas, a população brasileira se questionava sobre o que estava acontecendo. Os áudios eram reais? O que aconteceria com Temer? Confissão ou negação? Impeachment? Renúncia? Afinal, onde estava o presidente após o estouro do escândalo? As respostas vieram na tarde de quinta-feira (18), quando Temer convocou a imprensa para fazer o seu primeiro pronunciamento a respeito do assunto. Apesar do propósito de sua fala ter sido afirmar incisivamente que não irá renunciar à presidência e que não havia comprado ninguém – apesar de assumir o encontro com Joesley –, é necessário prestar atenção em outros trechos da defesa do presidente durante o discurso. Ao afirmar que a crise que se instaurou em seu governo veio justamente quando “a queda da inflação, os números de retorno ao crescimento da economia e os dados de geração de empregos, criaram esperança de dias melhores” e concluir esse pensamento dizendo que “o otimismo retornava e as reformas avançavam no Congresso Nacional”, Michel Temer praticamente se colocou como o benfeitor da suposta retomada da estabilidade política e econômica do Brasil por meio das reformas. Algo como: “caso eu saia, a derrocada financeira será pior do que nunca”. Em português claro: chantagem com o legislativo, banqueiros e com a população. Logo após os fatos, os relatores da reforma trabalhista e da previdência, principais propostas do governo Temer, levantaram a possibilidade de não seguir com as discussões na Câmara e no Senado até a poeira baixar. Porém, logo no início desta semana, o discurso mudou e as medidas devem permanecer na agenda política e, posteriormente,votadas. A dúvida agora é se Michel Temer conseguirá manter a base aliada ao seu lado na votação das reformas após o escândalo. Sabe-se que, mesmo com campanhas pesadas para que os cidadãos “comprem” a reforma trabalhista e a reforma da previdência como positivas, ambas já demonstraram ser extremamente impopulares, haja vista a quantidade de manifestações de rua contrárias às propostas. Os apelos de parte da população, inclusive, já começaram desde o último sábado (20), quando as pessoas manifestaram o desejo de eleições diretas para a presidência da república. A situação do governo fica cada vez mais insustentável e parece pouco provável que o povo se convença dos apelos do presidente. A luz no fim do túnel de Michel Temer é – e na verdade sempre foi – a classe política e os magnatas do país, a quem ele primeiramente dirige os discursos sofisticados. Resta saber se ambos os grupos dançarão conforme o barulho das ruas e da grande mídia ou se irão ceder às chantagens de Temer.    

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