Observatório Luminar
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Ah Brasil, por que você continua deixando a raposa cuidar do galinheiro?

Prevista para sexta-feira, greve geral protesta contra as reformas trabalhistas e na previdência. | Foto: USP Imagens CRÔNICA | Às vezes imagino os diálogos na sala presidencial do nosso mais querido presidente Michel. Afinal, só essa equipe consegue sair com algumas deliberações sem-vergonha, e, ainda tem a coragem de passá-las para a imprensa e fazer notícia. A última da semana é que talvez os reizinhos de Brasília adotem o corte do ponto de funcionários públicos que aderirem à paralisação nesta sexta-feira em manifestação à reforma trabalhista e da previdência. Imagine a cena: vários pinguins engravatados suando como porcos e discutindo acaloradamente como o brasileiro – aquele mesmo que está endividado até a alma, com medo de ter que passar a velhice trabalhando no McDonald’s e certo de que até o fim do ano a máquina do tempo implementada pelo temerário vai estar operando – tem a cara de pau de querer influenciar, por meio de uma manifestação e greve geral, as votações do Congresso sobre as questões do trabalhador (tchau CLT, adiós aposentadoria) que estão previstas para o início de maio. Na minha cabeça é algo mais ou menos assim: um estagiário ingênuo do setor de comunicações comenta que nas redes sociais a maioria das pessoas está contra as reformas propostas e organiza uma greve. O setor de ameaças à imagem do excelentíssimo Presidente chega com números, mostrando a adesão da paralisação geral por todo o país. Os amiguinhos em reunião se entreolham. Pensam no atraso que isso pode acarretar no planejamento detalhado do governo de como arrancar mais direitos do brasileiro. Questionam por que diabos o brasileiro, que gosta é de pular carnaval sem pensar em mais nada, está tão irritadiço a esta altura do campeonato. Alguém propõe determinar que quem não trabalhar nesta sexta-feira seja prejudicado no ponto. Concordam, pensando como é genial esta ideia. Saindo das divagações, uma realidade: em São Paulo, o tal prefeito Doria liberou para a imprensa que vai, sim, cortar o ponto dos grevistas, fazendo aquela pressão psicológica clássica do patrão sobre o empregado, que culmina com os funcionários se olhando torto e odiando uns aos outros. Para a atual gestão do Brasil, o partido da estrela vermelha deixou, nos últimos 13 anos, os funcionários públicos muito livres, sem punição e lesando a população por conta das greves. Mas vale lembrar que um país não é uma máquina de fazer dinheiro, que deve operar a qualquer custo, inclusive o da dignidade humana (aposentadoria digna, onde?). É preciso que se recordem que a principal preocupação de um país deve ser o compromisso com os cidadãos e com a eficiência do Estado na organização de uma sociedade progressista. 

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