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Aos olhos da resistência estudantil

Por Pedro Prado | Foto por Pedro Prado

Iolanda, 19 anos, linha de frente. Poucas palavras, mas que contam toda uma história de resistência política na vida da estudante. História que começou cedo, ainda no ensino médio. “Fiz parte de toda uma geração que começou na militância, começou a ter uma visão mais ampla a partir do movimento secundarista, a partir das ocupações e isso serve de inspiração para mim até hoje”, conta Iolanda.

Ao entrar na universidade, os alunos são imersos em uma atmosfera nova, acompanhada de questionamentos sociais, ideológicos e políticos. As salas de aula tornam-se palcos para debates e discussões que antes eram conversa de adulto, aprimorando nos alunos o pensamento crítico, fator importante no crescimento pessoal e profissional.

“Meu primeiro contato com o movimento estudantil foi através de alguns amigos, mas, politicamente, foi com a luta dos secundaristas de São Paulo nas ocupações, que aconteceram no fim de 2015″, comenta a estudante. Não é só nos espaços da universidade que Iolanda se encontra. Ela marca presença em manifestações, protestos, atos e passeatas na luta por seus direitos e seu futuro.

Em meio a um turbilhão de mudanças sociais e políticas que perpassam o país, as chamadas reformas são as mais discutidas nos movimentos estudantis atualmente. Ainda novos no mercado de trabalho, esses jovens já sentiram o impacto que essas mudanças refletem, diariamente, em seu futuro profissional. Assim, hoje, estes estudantes ocupam a chamada linha de frente dos movimentos, lutando pelos seus direitos e mais espaço na política.

“Acho que o termo linha de frente não poderia ser usado individualmente, toda coletividade está nessa linha de frente. [A coletividade] é algo que a gente valoriza muito, sim!”, conta Iolanda, quando toca no assunto de suas experiências no movimento dentro da universidade. Ela acha importante frisar o diálogo, que deve sempre permanecer presente na atual conjuntura, tanto entre coletivos quanto entre estudantes não engajados politicamente. Para a discente, o debate deve ser geral e não só focado em interesses individuais.

Resistência. Palavra muito repetida pela estudante durante a entrevista. Iolanda conta sobre como a resistência é importante para o combate à repressão que tanto os alunos quanto os trabalhadores vêm sofrendo. A estudante pontua também que a ascensão das lutas populares não é novidade, mas a cada dia vem conquistando mais espaço e lutando por representatividade política.

Sobre o futuro profissional, Iolanda diz: “eu sou estudante de letras, um curso de licenciatura, então eu estou estudando para ser professora. Se eu chegar a ter uma vaga de emprego, essa vaga vai ser dentro de um sistema deformado e que não vai possibilitar todas as necessidades e deveres das nossas concepções do que a educação deve ter”. Entretanto, a estudante não desanima e ressalta como os jovens abriram os olhos para pensar que não é só um ou outro que sairá prejudicado, mas sim todos.

A PEC 287

Popularmente conhecida como Reforma da Previdência, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de número 287/2016, apresentada pelo Poder Executivo, é uma das medidas que mais gera inquietação nestes estudantes, distanciando muitos do futuro que desejavam construir.

A Reforma prevê fortes mudanças nos sistemas de aposentadoria, tanto para servidores públicos quanto para os da iniciativa privada. Ela surte maiores efeitos nos trabalhadores que se inserirem na Previdência Social depois de seu deferimento e é nesse ponto que os estudantes saem lesados. Muitos mal iniciaram sua carreira profissional e já conseguem ver as dificuldades que podem enfrentar.

“É triste pensar que hoje, com 19 anos, se a Reforma [da Previdência] for aprovada, eu tenho que contribuir 49 anos, isso é, vou me aposentar com quase 70 anos”, finaliza Iolanda.

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