14 out As contradições da pandemia de Covid-19 em Uberlândia
Ana Victória Moreira e Júlia Vidotti
A pandemia do novo coronavírus vem transformando a realidade social desde o primeiro relato de infecção na cidade chinesa de Wuhan, em dezembro de 2019. A princípio o sentimento era de comoção internacional, mas logo tornou-se um misto de medo e preocupação devido ao rápido alastramento do vírus, até então desconhecido, causador de inúmeras mortes, incertezas e sofrimento.
Em fevereiro de 2020, o primeiro caso de Covid-19 no Brasil foi reportado na cidade de São Paulo/SP. Não demorou muito até que fizesse sua aparição inicial em Uberlândia/MG, no dia 17 de março. Desde então, foi necessário que o município introduzisse uma série de providências e políticas públicas para o combate da pandemia, como o isolamento social, a suspensão de aulas e o fechamento do comércio.
Apesar disso, houve medidas contraditórias por parte das autoridades competentes: em julho de 2020, a prefeitura de Uberlândia disponibilizou hidroxicloroquina e ivermectina para o tratamento precoce da Covid-19 – ambos medicamentos não possuem comprovação científica de eficácia contra o novo coronavírus.
Em janeiro deste ano, o cenário de luto e preocupação perdeu espaço para esperança com o início da vacinação. Entretanto, o programa de vacinação da cidade apresentou um desfalque quando comparado a cidades vizinhas e o processo foi muito mais lento. Outras medidas tomadas pela prefeitura, com a perspectiva de aliviar a crise sanitária, foram a determinação do toque de recolher – em que não era permitido circulação de pessoas entre 20h e 5h -, e a Lei Seca, que proibiu a venda de bebidas alcoólicas.
A passos lentos, Uberlândia iniciou, em setembro, a vacinação da terceira dose em idosos e a vacinação de menores de 18 anos . Também nesta época inaugurou um centro de reabilitação voltado para o atendimento de sequelas de pacientes que venceram a doença. No entanto, o atraso e a má organização, em conjunto ao negacionismo e à tentativa da inserção da automedicação, resultaram em mais de 3.000 vidas perdidas. Durante todo esse tempo, a cidade esteve com seus leitos para Covid quase 100% lotados em muitos períodos e a maneira com que lidou com a situação deixa dúvidas sobre se o município está capacitado para acolher seus cidadãos em momento de crise.
Acompanhe a linha do tempo produzida pela Conexões, com as principais decisões do poder público de Uberlândia no enfrentamento da pandemia do Covid-19 nos anos de 2020 e 2021.
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