02 jun Assembleia Geral dos Estudantes decide por paralisação de três dias na UFU
Nesta quarta feira, dia primeiro de junho, alunos da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) se reuniram em Assembleia no campus Santa Mônica e decidiram pela paralisação dos estudantes nos dias oito, nove e dez de junho. Dentre as questões, foi debatido sobre os cortes de verbas para a educação – que afetaram, por exemplo, o Programa Institucional de Incentivo à Docência (PIBID), do Governo Federal e as Bolsas de Assistência Estudantil. A falta de professores, que acaba impedindo ou atrasando algumas disciplinas no cursos, também é um dos motivos de reivindicação. Alunos representando os campi avançados de Monte Carmelo e Ituiutaba se juntaram à discussão trazendo suas queixas.
De acordo com Robson Bruno Lacerda, membro do Diretório Acadêmico dos Estudantes (DCE), a entidade organizou, no dia 18 de maio, um Conselho de Diretórios Acadêmicos (DAs), onde foi tomada a decisão de convocar uma Assembleia Geral dos Estudantes. “Nada mais justo do que a gente abrir esse espaço e construir, conjuntamente, a unidade do movimento estudantil em torno daquelas pautas que nos são caras”, defende Lacerda. Ainda de acordo com o estudante, a paralisação é uma forma de conscientizar e mobilizar os discentes , através de “atividades de empoderamento, de discussão e aprofundamento porque nem todos os estudantes estão sabendo das realidades dos outros cursos”, explica.
Na Assembleia, os alunos se reuniram sentados no chão e aqueles que gostariam de expor sua opinião podiam falar ao microfone. Um deles foi Marcelo Rocha, estudante de Geologia, do campus avançado de Monte Carmelo. Ele afirma que a situação é precária e citou problemas como falta de pavimentação, iluminação e laboratório no campus. “O laboratório de Química Básica da geologia é uma cozinha emprestada do curso de agronomia”, relata o aluno. Além disso, ele afirma que a água do campus está contaminada com mercúrio o que, segundo ele, já levou alunos a “passarem mal por insalubridade”. Trazendo demanda do campus Ituiutaba, Barbara Rufino de Carvalho, estudante de História, explica que uma das questões é a localização da biblioteca. “Ela está situada em um local que não é apropriado, ao lado de uma lanchonete. Faz muito barulho”, relata.
Lucas Costa, estudante de Arquitetura e Urbanismo, é à favor da paralisação. “É importante porque às vezes é o único método de realmente a gente se fazer ouvidos. Devem ter outros, mas, no momento, está sendo a nossa artimanha política”, defende. Diante do cenário político e econômico, Lucas afirma que os cortes afetam questões importantes. “A gente sabe que tem algumas coisas que, quando precisa ter um corte assim mais radical, são as primeiras a serem cortadas. Mas chegou num ponto onde já estão sendo coisas essenciais sofrendo cortes”, explica. Para Ivo Ribeiro, estudante e membro do coletivo Vamos à Luta, o problema já acontece a algum tempo. “O que a gente vem debatendo, na verdade não é de hoje. Desde os governos Lula e Dilma têm diversos ataques contra a educação”, afirma. Ele acredita que paralisar “é um método de luta importante e tem condições de chamar a atenção”.
Já o estudante Élcio Marques, acredita que a paralisação é prejudicial. “Existem sim ações que necessitam da greve para poder arrecadar benefícios para os estudantes, coisas que estão em falta. Mas, ao mesmo tempo, isso vai prejudicar o estudante em si”, afirma. O aluno Philipe Cassiolato acredita que existem outras formas de se resolver a situação. “Poderia pedir para os Institutos e Faculdades aqui dentro abrirem as contas, mostrar realmente quanto dinheiro está entrando e sendo gasto”, explica. Além disso, para ele a paralisação não é tão eficiente pela conjuntura política e econômica do país. “Não vai ter liberação de verba para a educação mais, a gente sabe disso. A gente sabe que paralisação vai prejudicar os estudantes porque vai ficar sem aula, perder prova, várias coisas”, defende.
Ocupação da Reitoria
Buscando soluções para as demandas do campus de Monte Carmelo, alunos ocuparam, pela manhã de hoje, a reitoria da Universidade, no campus Santa Mônica. De acordo com a discente Natalia Candido Silva, os alunos se reuniram com membros da Reitoria para debater sobre as demandas trazidas por eles. Desde então, eles ocuparam o prédio com barracas e colchões e esperam um pronunciamento, que seria feito às 17 horas de hoje. Até o horário de publicação dessa reportagem, ainda não há uma resposta. Os estudantes se mantêm no local.
No Comments