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Batalhas de Rimas crescem em Uberlândia apesar de dificuldades

Bem no centro da Praça Clarimundo Carneiro, precisamente em frente a antiga Câmara Municipal de Uberlândia, hoje é o Museu da cidade. Diversas pessoas de diferentes faixas etárias se reúnem com o intuito de fazer parte de um cenário que está ganhando espaço, as batalhas de rap.

Enquanto alguns esperam ansiosamente o início da conhecida Batalha do Coreto 034, outros que pretendem participar dos duelos de MC’s treinam vigorosamente com a utilização de versos e falas improvisadas com o objetivo de conquistar o apoio do público que acompanha o evento. Neste momento, o apoio se torna fundamental para conseguir chegar ao prêmio principal, uma viagem para disputar o interestadual do gênero que acontece em Catalão (GO).

Rafaela Rodrigues Soares, conhecida como Rjay é quem coordena a Batalha no Coreto 034, que na noite do sábado passado (20) foi para a sua 42° edição. Ela, assim como outros simpatizantes da cultura do hip hop, praticada através do rap, grafite, break dance, e outros, têm ajudado a difundir e transformar a cultura urbana em algo grande.

Simpatizantes do Hip Hop se reúnem na Praça Clarimundo Carneiro em frente ao Coreto para batalhas de rap | Crédito: Vandarte

Gritos de guerra como “Pode ser Boy, Favelado, Branco ou Preto/É do Coreto/ É do Coreto”, em meio às batidas do hip-hop, Rjay contribui para que o evento consiga ser organizado e, ao mesmo tempo, incentiva o público a dar força aos MCs competidores, mesmo com os poucos recursos financeiros para sustentar o evento.

O hip hop, assim como os duelos de rima, ganharam destaque em Uberlândia a partir da década de 2000. Rjay, que começou em meados de 2012, comenta como iniciou no gênero, aos 12 anos. “Eu fazia dança no Pérola Negra, uma ONG que existe no bairro Luizote onde eu moro”.  Sobre o rap, ela lembra que “as batalhas começaram a ter destaque graças ao Rima na Praça, que foi criado em 2014 pela Lua e o Dhi. Em 2015, o Bruninho criou o encontro dos MC’s no Teatro Municipal, ele iniciou no mesmo ano a Batalha da ZO, que ainda acontece no bairro Planalto, zona oeste de Uberlândia”.

Outros eventos aconteceram a partir de então, relembra RJay. “A cidade chegou ao reconhecimento indo Europa afora, por exemplo com o grupo de dança Balé de Rua, o B-boy Rato, a B-girl Nathana, entre outros(as). No cenário do rap, a cidade teve grandes grupos de sucesso como o Original C e Manos de Responsa. E agora tem surgido cada vez mais grupos e artistas solo, que caminham cada vez mais em busca do crescimento e do reconhecimento. E as batalhas de MC’S, tem tomado proporções maiores cada vez mais também, participando até de interestaduais. O movimento não para!”

Sempre independente, os eventos de hip hop são realizados por iniciativa própria dos participantes. Sem auxílio da Prefeitura, por mais que se tenha ciência de editais para o oferecimento de eventos culturais dessa característica, Rjay reconhece a dificuldade de acesso à informação. “Essas informações não chegam até a gente, não conseguimos acesso e ficamos sabendo, às vezes, desses editais por outras pessoas”, explica.

José Jodalvo Costa, conhecido como MC Sobek, afirma que uma ajuda pública seria muito importante, tanto para o crescimento das batalhas de rimas, quanto para outros eventos ligados a cultura do hip-hop. Ele comenta que “a verba ajudaria na infraestrutura das batalhas, seja no Coreto ou qualquer outro ponto da cidade, porque daria visibilidade”.

Mesmo para organizar os eventos sem financiamento, Rjay lamenta a burocracia que existe para conseguir solicitar uma documentação dos órgãos públicos, como licenças e alvarás. A jovem relata que “conseguir um alvará na prefeitura é uma dificuldade, muita burocracia! Há ocasiões em que se cancela um evento porque a prefeitura não libera”.

Rafaela, ou melhor Rjay e João Jodalvo, Sobek acreditam que o hip hop podem salvar vidas e tirar muitos jovens das ruas, basta que o poder público passe a olhar por eles.

Em nota, a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Uberlândia (Secom), afirma que “a prefeitura promove um constante incentivo a essa manifestação Cultural, através do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PMIC), onde a população pode inscrever projetos em quatorze áreas, que incluem dança e música”, afirma.

Sobre a dificuldade de se encontrar os editais, a Secom afirma que os editais “são divulgados com total transparência e com a finalidade de atingir a maior quantidade de pessoas possíveis. Tem ainda as publicações no Diário Oficial, para ampliar a visibilidade dos recados da Prefeitura junto aos releases que são disparados para a imprensa.

Wando Moreira Cavalcanti
donwandolero@gmail.com
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