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Bolsonaro em Uberlândia

 Em reunião fechada com o G7 de Uberlândia, Bolsonaro responde as questões levantada pelo grupo. Foto: Gustavo Cardoso | Agência     Conexões

O pré-candidato à presidência Jair Messias Bolsonaro, na última quinta-feira (19), veio a convite da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Uberlândia expor as propostas de sua futura campanha eleitoral. O evento aconteceu no anfiteatro da organização. Sete pessoas da sociedade civil, como a organização médica, o presidente da CDL e outros grupos, perguntaram ao político sobre a sua visão a respeito de determinadas questões como direito, economia, política e segurança.

Antes da atividade começar, o trecho da Avenida  Belo Horizonte, onde está situada a CDL, foi protegido pela polícia militar. Além disso, quem quisesse utilizar a rua ou adentrar o prédio precisaria mostrar seus pertences, como mochilas e bolsas, por questão de segurança, segundo as autoridades.

Dentre as pessoas presentes no entorno do evento, havia apoiadores, opositores e curiosos. Júlia Miranda, estudante de história pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e sua mãe, Janaína Miranda, dentista, eram parte do grupo que fazia oposição. Em entrevista à Conexões, elas falaram sobre a visita do político na cidade.

Júlia explica que queria  se manifestar contra o deputado, porém não o fez por temer pela sua integridade física, pois, segundo ela, poderia ser agredida pelos simpatizantes e pela repressão policial. “O cara é o retrocesso. É complicado, eu fico muito assustada em ver essa quantidade de gente a favor dele aqui. A gente se sente muito ameaçado porque o discurso dele é muito conservador”, diz a estudante.

Já sua mãe, Janaína, afirma que foi  com intuito de protestar contra todas as falas controversas e preconceituosas ditas pelo político. A dentista acredita que ele representa um atraso para a sociedade: “Bolsonaro 1918”, ironiza, ao fazer referência ao termo “Bolsonaro 2018” amplamente utilizado por seus apoiadores.

De acordo com Júlia, o parlamentar não teria capacidade para discutir sobre questões econômicas, culturais e de saúde. Complementando o pensamento da filha, Janaína diz que o “Bolsonaro não sobrevive a dois debates. Ele não tem estrutura psicológica e nem conhecimento para enfrentar quaisquer outros candidatos a presidência de igual para igual”.

As visões políticas de Bolsonaro são relacionadas, por Júlia, com antigas posições adotadas pelo país, como a República Velha e o Regime Militar. Ela revela temer pelo futuro, caso o político seja eleito para o mais alto cargo da nação. “O conservadorismo político saiu do armário!”, exclama a estudante.

O evento foi fechado, exclusivo para os membros do G7, grupo composto por entidades de representação de classe local e entidades, como: Aciub, CDL, Fiemg, Sindicato Rural, OAB, Sociedade Médica e CVM, além de algumas pessoas na plateia. No salão foi afixado um telão para os espectadores que não puderam entrar no anfiteatro assistissem a reunião.

No salão, o hino nacional foi tocado enquanto imagens no telão mostravam a chegada do deputado na cidade e a recepção amistosa  por parte de seus simpatizantes. Após o vídeo, um cerimonialista apresentou o político e citou algumas das suas características, como as suas opiniões controversas.

O político disse que apoia a saída dos Estado Unidos da Unesco e  justifica dizendo que esta organização é manipuladora. Entretanto, confessou que usou de verba parlamentar para fazer suas viagens ao país norte-americano.

Ao terminar o discurso, Bolsonaro manteve suas opiniões favoráveis ao porte de arma de fogo para toda a população brasileira e punições mais duras ao criminosos que, segundo ele, seriam uma solução para que crimes mais graves fossem evitados.

Após as perguntas dos representantes das entidades, Bolsonaro afirmou que era sincero ao dizer que existem coisas que ele pode realizar ou cumprir e outras que  não poderia fazer, pois, de acordo com ele, haveria impedimentos legais que demorariam para serem transpostos. Durante as perguntas e as respostas houve aplausos, gritos e até vaias pela demora nas perguntas feitas por alguns representantes do G7. No fim do evento, os participantes puderam tirar fotos com o parlamentar.

O estudante de Direito, Weder Bueno, reclama que Bolsonaro não respondeu sobre as ações que ele poderia fazer em relação à educação e aos programas como o Enem, Prouni e Fies que dão acesso ao ensino superior.

Representando os simpatizantes das propostas de Jair Bolsonaro estão Camila dos Santos, servidora pública, e Derick dos Santos, analista de telemarketing . De acordo com eles, o evento foi importante para que as pessoas conheçam as propostas do deputado. Além disso, reforçam que estar presente é uma forma de entender com clareza as posições do político, uma vez que acreditam que a grande mídia, por interesses próprios, pode manipular o que a figura política diz sobre diversos assuntos.

De acordo com Camila, o deputado incentivaria os pequenos e médios empresários. Para ela, a maioria dos empregos são oriundos das empresas de pequeno e médio porte e os governos, até agora, não incentivam esses setores e preferem auxiliar empresas como OAS e Odebrecht. “A locomotiva do Brasil são os pequenos empresários e são eles que mais sofrem com a oneração tributária e trabalhista, então as pequenas empresas no Brasil fecham em média em 5 anos. Se são essas pequenas empresas que geram renda e elas não estão sendo financiadas e nem subsidiadas pelo governo, então o pequeno empresário e produtor rural como ficariam? A gente sabe  que são eles que fazem o Brasil funcionar, então a gente precisa de política para ele: o pequeno empreendedor.” defende a servidora pública.

Além disso, Derick acredita que com Bolsonaro na presidência, antigos valores serão retomados, como “colocar a pátria, a família e a segurança em primeiro lugar”.

Quanto ao porte de armas de fogo, Camila é favorável. “Uma das questões que eu acho extremamente relevante no posicionamento do deputado é em relação a nossa segurança pessoal, nosso direito de defesa. A vida é o nosso bem mais importante e se eu não tenho direito a defender a minha própria vida, eu não tenho direito humano nenhum. Porque sem vida, pra que ter outros direitos?”, finaliza a servidora. O deputado somente poderá dizer que é presidenciável a partir de agosto de 2018, de acordo com as novas regras eleitorais.

 

Vanessa Gianotti
vanessagianotti.jor@gmail.com
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