25 ago CNPq realiza corte de bolsas para iniciação científica
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) cortou 20% do número de bolsas de Iniciação Científica e Inovação Tecnológica (PIBIC e PIBITI), em nível nacional. Na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foram reduzidas 52 bolsas.
Pesquisas científicas elevam Brasil ao 13° país em produção de conhecimento e ciência do mundo. | Foto: Pixabay
A remuneração enviada pelo CNPq é diretamente depositada na conta do aluno que desenvolve pesquisa, o que isenta a universidade de responsabilidades junto ao corte. Segundo o Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFU, Marcelo Beletti, os pró-reitores e reitores não tiveram resposta do CNPq em justificativa ao corte específico das bolsas de iniciação científica, o corte apenas ocorreu. “O dinheiro vem do CNPq para a conta do aluno. A UFU não tem qualquer controle desse dinheiro”, explica.
Em nota à imprensa postada no site, o CNPq alegou ser uma estratégia de contensão de gastos. “Considerando o contexto orçamentário atual e a indicação para 2017 de redução do orçamento do CNPq para o próximo ano, foi necessária a adequação da concessão de bolsas da Agência ao novo cenário”.
Critério de corte
Anualmente, é necessária a solicitação de novas bolsas pela UFU. Além da demanda já existente de pesquisas, são realizadas petições de verba para custeio de bolsas novas, referentes às pesquisas recentes. De acordo com o pró-reitor, a renovação das cotas chegou a ser feita, mas logo depois, foi emitido o corte de 20% sem aviso prévio à universidade. “Simplesmente na hora de contratar terminou o número de bolsas que eles [CNPq] tinham cedido, a gente viu que não estava mais conseguindo cadastrar e, descobrimos que havia feito o corte”, explica Beletti.
A instituição emitiu recurso pedindo reconsideração do corte, mas não foi atendido. Ainda de acordo com o pró-reitor, o Fórum de Pró-Reitores e a Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) estão negociando junto ao CNPq para reverter a situação.
Impactos
A Conexões entrou em contato com uma estudante que teve a bolsa cancelada, a jovem prefere não ser identificada. Mesmo com o corte, a discente continuou sua pesquisa por se tratar de um tema base de seu trabalho de conclusão de curso, mas afirma ter se sentido bastante desmotivada com o ocorrido. “O fato de ter uma bolsa impulsiona os alunos. E pior que não receber é tê-la cortada”, afirma.
A graduanda afirma que o corte de bolsas é uma forma de tirar o incentivo dos alunos, é como destruir uma forma de evolução. “O país precisa desenvolver e é por meio de educação que isso acontece. Eu acredito que a pesquisa científica é a base de desenvolvimento do país de forma geral”, critica a estudante da área de exatas.
Beletti afirma ainda que a unidade está ciente da gravidade do problema e dos transtornos gerados na produção de conhecimento e inovação tecnológica e estão tentando reverter essa situação. “Estamos tentando arrumar uma maneira nem que seja precariamente dentro do nosso orçamento para cobrir essas bolsas”, conclui.
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