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Cursinhos gratuitos ajudam pessoas de baixa renda a realizar sonho da graduação

 Maria Luiza, recém-aprovada em matemática, recebe trote no cursinho Futuro

 

A universidade não é um sonho que se realiza para todos. Apesar de o acesso de jovens de baixa renda ter aumentado na última década, devido às políticas públicas de cotas e de financiamento estudantil, somente 7,2% dos brasileiros chegam ao ensino superior, de acordo com o estudo Síntese de Indicadores Sociais 2014, realizado pelo IBGE. Para tentar diminuir essa desigualdade, surgem os cursinhos gratuitos, destinados às pessoas que não têm condição de pagar por um.

 

O Afin (Ações Formativas Integradas) é um cursinho voltado para a preparação para o Enem e vestibulares, direcionado aos estudantes em vulnerabilidade social, com o objetivo de fornecer assistência a pessoas que não têm o acesso fácil às universidades. Situado em Uberlândia, ele atende estudantes que cursaram ensino médio em rede pública ou possuem bolsa integral na rede particular e que apresentem renda de até um salário e meio por membro da família. O curso é promovido pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), e tem como professores os os próprios funcionários da instituição ou, até mesmo, alunos que estão cursando a graduação.  Ao todo, são selecionados 130 estudantes, divididos nos períodos vespertino e noturno.

 

Em 2018, as aulas iniciaram no mês de abril e se estendem até novembro.. Gabriela Almeida Luz, professora de redação, teve interesse em lecionar no Afin, pois acredita que a aula tem grande importância social.   “Minhas expectativas para 2018 são de conseguir desenvolver melhor os conteúdos, ver o desenvolvimento da turma”, comenta.

 

Neste ano, as questões relacionadas a ações afirmativas se expandiram a refugiados e deficientes, oportunizando-os com cotas. Esta é uma prática contínua para os desenvolvedores do projeto: oferecer espaço para os indivíduos dificilmente tem acesso ao ensino superior. “Os muros da UFU acabam sendo muito mais que físicos, eles são sociais”, destaca a professora, comentando sobre a distância entre essas comunidades e a universidade.

 

Cláudio Júnior, 20 anos, cursou o Afin em 2016. Ele já havia escutado falar sobre o cursinho por amigos e resolveu participar depois de ter tentado ser aprovado no  Enem anteriormente, mas sem sucesso. Cláudio entrou com a ideia de conseguir uma vaga em Engenharia Civil em alguma faculdade particular pelo PROUNI, porém, afirma que “a participação do cursinho abriu um leque de grandes oportunidades, e proporcionou a visão que me faltava na formação para tentar uma vaga em uma universidade federal”.

 

Depois de cursar todo o Ensino Médio pela rede pública, na escola E.E. Professora Juvelínea Ferreira dos Santos, Cláudio não entendia bem os requisitos necessários para ser aprovado no Enem, nem quais conteúdos estudar, mesmo sendo considerado um bom aluno. Mas considera que a combinação de dedicação e esforço o ajudaram a superar seus objetivos iniciais, sendo aprovado no mesmo ano em que participou do Afin.

 

Hoje, Cláudio Júnior estuda Engenharia Mecânica na UFU e afirma que a participação no cursinho foi muito importante na sua formação acadêmica, pois o ajudou a conquistar objetivos que ele nem ao menos sabia que tinha ou que conseguiria realizar. “Posso dizer que o projeto Afin proporciona realizações de sonhos”, afirma o estudante.

 

Futuro

Crachás de identificação do futuro

 

Provas, simulados, gabaritos, estudos e muito estresse. Assim pode ser definido o período de preparação para o vestibular, que muitos estudantes enfrentam. Entretanto, é possível que esse processo seja mais humanizado e até mesmo divertido, sem perder a responsabilidade. Esta é uma das propostas do cursinho preparatório Futuro Pré-Vestibular Alternativo, que funciona desde 1999, realizando, desde então, vários sonhos pela tão desejada aprovação.

 

        O cursinho tem aulas todos os dias à noite, das 19h às 22h20, e também aos sábados, das 14h às 17h40. Está localizado na Rua José Rezende dos Santos, número 1010 no bairro Brasil, (Universidade da Criança), em um espaço cedido pela prefeitura para o funcionamento. A proposta é inclusiva, pois não há cobrança de mensalidades, o que permite aos estudantes de baixa renda uma oportunidade de ingresso em uma boa universidade.

 

        Pela falta de espaço e colaboradores para todos os alunos, é feito um processo semestral a fim de selecionar 200 estudantes, por meio de prova. Este processo é realizado para distribuir as turmas para o pré-ENEM (junho\julho) e pré-vestibular. Após a aprovação, o aluno contribui com uma taxa única de 270-300 reais, definida de acordo com a posição socioeconômica do estudante.

 

Maria Luiza Paulino, 18 anos, é uma das estudantes do Futuro. Ela conheceu a instituição por meio do Facebook e pela indicação de amigos. Resolveu fazer a prova de seleção em seu terceiro ano do Ensino Médio, no ano passado. Na última semana, ela recebeu a notícia de que tinha sido aprovada em Matemática na UFU.

 

Ela acredita que o cursinho a beneficiou em tudo. “Antes eu era uma pessoa muito aflita para passar no vestibular, mas o Futuro me ensinou a ter paciência. Fiz muitas amizades e aprendi coisas novas”, comenta a futura matemática. Apesar da aprovação recente, Maria Luiza vai continuar frequentando as aulas e as monitorias de exatas, que ela acredita que a ajudaram bastante, pois ainda não está certa sobre a Matemática ser seu maior sonho, mas espera se encontrar no curso.

 

Mas de uma coisa Maria Luiza está certa, que o cursinho a ensinou a ser mais humana. “Até então, outros lugares pregam que você deve apenas passar”, explica, “aqui no Futuro não, também temos tempo de ajudar outras pessoas”, complementa se referindo a uma gincana proposta pelo cursinho para arrecadar alimentos para doação.

 

”Conheço muitas pessoas que entraram aqui e estavam muito desanimadas, pensaram que não dariam conta, e hoje têm muito potencial de aprovação”, afirma a estudante, que acredita na importância do cursinho na formação e no futuro das pessoas.

 

 

 

 

 

 

 

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