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Dentre tantas vítimas, a mulher se torna a mais atingida pela reforma da Previdência

Em fevereiro, foi realizada uma audiência pública sobre o tema no Congresso. (Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados)

 

Na última semana foi comemorado o Dia Internacional da Mulher, uma data que encoraja a reflexão a respeito de todas as lutas e conquistas das mulheres. Uma dessas lutas foi por direitos trabalhistas, adquiridos com o passar dos anos no século passado. Um desses direitos, o de poder se aposentar antes dos homens devido a tantos fatores, poderá ser suprimido caso seja aprovada a reforma da Previdência, que iguala as regras da aposentadoria para ambos os sexos, estabelecendo a idade mínima de 65 anos.

 

Essa reforma ignora toda a desigualdade de gênero existente no mercado de trabalho brasileiro. Dados de 2015 do IBGE mostram que elas ganham, em média, 76% da renda dos homens. E uma outra pesquisa revela que essa igualdade nos salários só deve ser alcançada em 2095. Além disso, segundo o Cadastro Central de Empresas, em 2013 as brasileiras estavam em apenas 43% dos postos de trabalho formais no Brasil; os homens, em 57%. Em áreas como a construção civil, por exemplo, eles ocupam mais de 90% dos cargos.

 

É preciso lembrar de outros trabalhos que, infelizmente, ainda são assumidos majoritariamente pelas mulheres: limpar a casa, fazer comida, lavar louças, lavar roupa, cuidar dos filhos etc. Apesar de ter aumentado a divisão de tarefas domésticas entre homens e mulheres, a diferença ainda existe e é grande. De acordo com o Ipea, as mulheres se dedicam, em média, 26,6 horas semanais aos serviços de casa, enquanto os homens gastam 10,5 horas. Diante de tudo isso, será mesmo que essa reforma tem o objetivo de promover maior igualdade ou torna mais profunda a desigualdade no país?


Dentre tantas vítimas, é possível perceber que uma das mais atingidas pela reforma da Previdência é a mulher brasileira. Primeiro é preciso ter igualdade de gênero na sociedade, principalmente no mercado de trabalho e nos serviços domésticos, para que uma legislação que iguale homens e mulheres seja considerada justa. Infelizmente, a desigualdade construída ao longo de séculos, não pode ser alterada com uma simples canetada, como se propõe fazer com os direitos trabalhistas.

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