Observatório Luminar
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Educação sexual para crianças do hoje e do amanhã

Masturbação. Ação ou resultado de masturbar. Estímulo sexual provocado pelo contato da mão nos órgãos genitais buscando produzir orgasmo. Quando se tem o poder da internet ou alguns anos nas costas e uma certa maturidade, definir o que é masturbação é fácil.

Nos dias atuais, com a cibercultura se consegue ter, caso bem utilizada, uma ótima forma de adquirir conhecimento. Eu, com 11 anos, não tinha esse privilégio de pesquisar a definição de masturbação em um clique. Aprendi sobre isso em filmes pornográficos, através de DVD’s (atores pornô com funções extracurriculares).  

Assim como assistir pornografia, a masturbação me parecia errada, não sabia qual o propósito. Da mesma forma, não entendia o que era HIV e não saberia reagir se fosse tocado sexualmente sem minha permissão. Resumindo: não fui educado sexualmente na sala de aula para entender sobre esses assuntos.

Muito além de conhecer seu próprio corpo, pautar sexualidade nas escolas é mostrar também que infecções sexualmentes transmissíveis (IST’s) são realidades. Dados da Unicef  
(Fundo das Nações Unidas para a Infância) provam isso. A cada três minutos uma adolescente de 15 a 19 anos é infectada pelo HIV. Uma questão de saúde pública, que com a educação poderia ser amenizada, levando conhecimento, mostrando métodos preventivos e debatendo sobre a temática.

Além de aprender sobre multiplicar e dividir, crase e pontuação, tratar na escola sobre IST’s é ajudar na quebra de estigmas sociais acerca desse assunto, mostrar que é possível viver e conviver com portadores. Crianças conscientes, tendem a ser adultos mais responsáveis.

Quando o assunto é abuso infantil, a educação sexual vem, se me permite a expressão, para prevenir desgraças. Entre 2011 e 2017, segundo boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, no Brasil houve um aumento de 83% nas notificações de violências sexuais contra crianças e adolescentes. E não ache que o que é ruim não pode piorar, porque pode sim. A maioria dos casos são praticados por pessoas do próprio convívio, geralmente familiares.

Ações de prevenções que trabalhem temática de conhecimento do corpo e questões culturais de gêneros me parecem uma boa solução para este problema. Educando este público, irão entender que o que está sendo praticado contra eles é violência e não carinho.

Para crianças de hoje e do futuro, eu desejo que aprendam sobre educação sexual nas escolas. Entendam que carinho é quando os dois se sentem bem e que podem contar a todos. Compreendam sobre a seriedade em se prevenir das IST’s e no combate contra o estigma presente. Que no seu momento, conhecendo seu corpo, você irá entender que se masturbar é normal, diferentemente de ter ator pornô como professor  (ou como deputado).

Ygor Rodrigues
ygorodrigs@gmail.com
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