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Eleições 2016: entrevista coletiva com candidatos a prefeito de Uberlândia

 

Na última segunda-feira (26), estudantes do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia realizaram entrevistas coletivas com quatro dos cinco candidatos a prefeito da cidade de Uberlândia. A atividade fazia parte da disciplina de “Técnicas de Reportagem, Entrevista e Redação Jornalística” de duas turmas orientadas pelo professor Vinícus Souza. Cada candidato teve 15 minutos de apresentação e 45 minutos para responder a perguntas feitas pelos alunos. Na parte da manhã, participaram da atividade os candidatos Cida (PSOL) e Alexandre Andrade (PSB). À tarde, foi a vez de Gilmar Machado (PT) e Gilberto Cunha (PSTU) serem entrevistados pelos estudantes. O candidato Odelmo Leão (PP), assim como os demais, também recebeu o convite para participar, mas optou por não comparecer ou enviar representante.

 

Confira abaixo os principais pontos abordados por cada candidato.

 

 

 

Cida (PSOL)

 

Cida, do PSOL, responde perguntas em entrevista coletiva na última segunda-feira. Foto: Nasser Pena/Agência Conexões.

 

Maria Aparecida Machado é candidata a prefeita pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Ela é filha de trabalhadores rurais e atualmente vive no assentamento Nova Tangará. Nunca ocupou nenhum cargo público, mas está envolvida com lutas sociais há mais de vinte anos. O candidato a vice-prefeito da chapa é Manuel Cipriano e acompanhou Cida na coletiva. Ele é graduado em Direito e atualmente cursa Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

 

Cida iniciou sua fala na coletiva afirmando que não precisa falar bonito, mas sim “ter compromisso e ética” na política, além de mencionar que sua campanha não conta com nenhum tipo de financiamento privado. “Nós trabalhamos com nossos próprios recursos e ajuda de militantes e amigos. A gente não é financiado por nenhuma empresa e nem fazendeiro”, disse.

 

Transporte público e imposto progressivo

 

Ao ser perguntada sobre como pretende colocar em prática a proposta de gratuidade do ônibus em Uberlândia, a candidata relacionou a questão com o imposto progressivo. “Nós queremos chegar até a tarifa zero. Nós temos [a intenção de usar] o imposto progressivo, e queremos tirar daí o recurso da tarifa zero no transporte. Quem vai ter direito são os trabalhadores desempregados e os alunos que não tem condições de pagar a passagem.” Já em relação às condições do transporte público, ela apontou que muitos problemas dessa área se devem ao serviço terceirizado, e promete, caso eleita, trabalhar para a estatização completa do setor.

 

Apoio na Câmara

 

Ao serem questionados sobre como pretendem lidar com a falta de representatividade e apoio ao seu partido na Câmara Municipal, o candidato a vice-prefeito da chapa, declarou que o partido propõe um governo de fortalecimento dos conselhos municipais. “Hoje existem esses conselhos, mas eles são de “faz-de-conta” porque não têm poder deliberativo. Nós queremos que esses conselhos sirvam para discutir e formatar as propostas”.

 

 

Alexandre Andrade (PSB)

 

Alexandre Andrade, do PSB, responde perguntas em entrevista coletiva na última segunda-feira. Foto: Nasser Pena/Agência Conexões.

 

Alexandre Andrade é candidato a prefeito de Uberlândia pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), e tem como candidato a vice o médico Dr. Junqueira de Freitas. Andrade é Natural de Ribeirão Preto (SP), tem 40 anos e é economista, professor universitário e atua em uma consultoria de planejamento estratégico e capacitação. Em Uberlândia, foi secretário de Trânsito e Transportes na atual gestão do prefeito Gilmar Machado.

 

Educação

 

Ao ser questionado sobre propostas que poderiam resolver a questão dos atrasos e parcelamentos no pagamento dos servidores municipais, Andrade disse que a educação no município passa por grandes dificuldades. “Nós contamos, hoje, na nossa rede pública municipal com 117 escolas, e o que nós temos são servidores extremamente desmotivados para o trabalho”, afirmou. Andrade disse que sua candidatura tem compromisso com os mais diversos segmentos da educação no município e que buscará, no prazo de dois anos, fazer a equiparação e pagamento do piso nacional de educação, no valor de R$ 2.310.

 

Transporte Público

 

Andrade também foi questionado sobre o reajuste na tarifa do transporte coletivo da cidade e sua proposta de sistema de passe único. O candidato afirma que a questão dos reajustes é ruim, mas, frisou que existe um contrato de 2009 que indica uma planilha de correções. Segundo o candidato, uma caminho para resolver o problema é o poder público “parar de ser sócio do transporte público”, fornecendo isenção de tarifas, como o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) e o Custo de Gerenciamento Operacional (CGO), o que ajudaria na viabilização de um sistema de passe único.

 

Campus Glória

 

Ao ser questionado sobre a questão da ocupação da área da UFU, conhecida como Campus Glória, Andrade disse que está em contato com os movimentos de ocupação e que buscará acabar com esse imbróglio, fazendo uma parceria com a universidade visando a urbanização da área. O candidato também se mostra interessado em trabalhar com outras ocupações de terras na cidade. “Precisamos estabilizar o número de ocupações em Uberlândia, para que a gente possa dotar isso tudo de infraestrutura”.

  Gilmar Machado (PT)

 

Gilmar Machado, do PT, responde perguntas em entrevista coletiva na última segunda-feira. Foto: Daniel Pompeu/Agência Conexões.

 

Candidato à reeleição pelo Partido dos Trabalhadores (PT) com o vice Ce Jota, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB),  Machado nasceu em Cascalho Rico (MG), tem 54 anos e é formado em História pela UFU. Foi professor, deputado estadual por dois mandatos e deputado federal em quatro candidaturas consecutivas. Saúde e pagamentos atrasados nortearam a entrevista do atual prefeito.

 Pagamentos atrasados O salário dos professores é pago até o quinto dia útil do mês. Hoje, tem sido pago até o nono dia útil, explica o prefeito. Entretanto, de acordo com professores do ensino público da rede municipal, o atraso chegou a dois meses. Tentando justificar o motivo dos atrasos, o atual prefeito salientou que antes de sua gestão os professores da cidade tinham a pior remuneração da região, não contavam com vale alimentação e nem plano de saúde. Saúde “Uberlândia tinha toda sua área de saúde terceirizada”, critica Machado. De acordo com ele, em 2012, a partir de enfrentamento político, foi determinado legalmente que uma das principais administradoras da área na cidade, a Fundação Maçônica de Uberlândia (Fundação Maçônica Manoel dos Santos) não poderia mais gerir a saúde municipal. A partir daí, a cobertura pública de atenção primária em Uberlândia saltou de 23% para 53%. Machado afirma que através do trabalho preventivo menos pessoas morreram por dengue em comparação a outras cidades mineiras, como Uberaba e Juiz de Fora, que “trataram a doença ao invés de preveni-la”. Cortes e HC A redução orçamentária de ordem federal impactou a saúde do município. Pagamentos atrasados, equipamentos sem manutenção, faltam medicamentos. Mais de 200 leitos continuam fechados a mais de dois anos. Ele entende que a responsabilidade pela situação e futuro do Hospital de Clínicas da UFU é compartilhada por outros setores além da prefeitura. “A UFU tem que resolver qual é o modelo de gestão que ela vai utilizar, porque o HC está quebrado.[…] O Congresso Nacional deveria ser a intermediação entre o HC e as verbas a ele destinadas.”, disse.  Gilberto Cunha (PSTU) 

Gilberto Cunha, do PSTU, responde perguntas em entrevista coletiva na última segunda-feira. Foto: Daniel Pompeu/Agência Conexões.

 

O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) tem como candidato a prefeito o professor Gilberto Cunha, e como vice, o assentado e agricultor Francisco Oliveira. A chapa não vê alternativas para o atual sistema capitalista e propõe seu fim e a tomada de poder pela classe trabalhadora. O candidato parte de uma mudança radical nas bases do sistema político e econômico, defendendo a democracia operária com a organização de conselhos populares deliberativos. Algo similar ocorreu nos primeiros quatro anos de revolução, como classifica Cunha, na União Soviética.

 

Oposição ao governo

 

Um dos principais pontos de sua campanha é o lema “Fora Temer! Fora todos eles!”, explicitando a reprovação das medidas tomadas pelo atual governo federal em relação às mudanças na previdência social, reforma trabalhista, terceirizações, e o “desmonte” do Estado com as privatizações e cortes de gastos de áreas como saúde e educação, que segundo Gilberto, vão afetar intensamente os hospitais e universidades públicas. As reformas e redução do funcionalismo público também são medidas desaprovadas pelo candidato de esquerda.

 

Saúde pública      

 

Gilberto Cunha também defende que sejam destinados 10% do PIB para saúde pública, para que haja condições de melhorar a qualidade dessa área no município. Além disso, o candidato defende o caráter público desse e de outros setores. “Essa área, como outras importantes, não deve ter como objetivo o lucro [dos setores privados]. A saúde, o transporte, a habitação e as questões que envolvam diretamente a qualidade de vida da população, sejam administrados e controlados pela prefeitura e os conselhos populares,” afirma.

 

Polícia Militar

 

O candidato se mostrou contrário à ideia de polícia dentro das universidades. “É uma questão muito séria e, para nós, um ponto de honra”. Gilberto propõe transformações na Polícia Militar e acredita na criação de “uma polícia única e servil que defenda e seja controlada pela população”. Defende também que cargos administrativos, como o de delegado, sejam votados pela comunidade. Em relação ao funcionamento atual da PM, Gilberto mostra visão negativa. “No Brasil, lamentavelmente, [a PM] serve para reprimir o povo e, fundamentalmente, para assassinar nas periferias, principalmente negros”.

 

 

 

    

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