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Entrevista com candidatos a reitor: Pedro Frosi

A chapa UFU Gestão Integrada tem Pedro Frosi como candidato a reitor e Maria Angélica como candidata a vice. Algumas de suas propostas são ampliar programas de bolsas institucionais, nacionais ou de âmbito internacional como os Programas PBG, PET, PIBID, PEIC, PIEEX, Monitoria e Estágio Acadêmico e mobilidade estudantil; Implantar, na Reitoria, o orçamento participativo e prover meios para descentralizá-lo através da adoção de Centros de Custos, apoiando e incentivando essa prática nos Campi; a Criação de um Comitê Gestor de Segurança para propor ações de prevenção que melhorem a defesa da UFU e um sistema integrado de monitoramento e controle com câmeras de vídeo; desenvolver ações de lazer, esporte e cultura envolvendo a comunidade da UFU e a comunidade externa vizinha, com intuito de estabelecer maior vínculo.

 

Candidato Pedro Frosi em coletiva de imprensa. Foto: Nasser Pena

 

Pedro Frosi é professor Titular na Faculdade de Computação da Universidade Federal de Uberlândia. Doutorado em Engenharia da Computação por um acordo de cooperação internacional entre Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e o Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS-France 1995). Foi coordenador do projeto EDOBRA, o primeiro projeto da UFU financiado pela comunidade europeia, integrado o projeto Europeus FP7/FIRE/OFELIA. É membro da Sociedade Brasileira de Computação, do Laboratório Nacional de Redes.

 

Maria Angélica atualmente é Coordenadora do Curso de Graduação em Enfermagem e orientadora na pós-graduação do Programa Ciências da Saúde da Faculdade de Medicina da UFU. É Mestre e Doutora em Ciências na área de Patologia Clínica pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), com execução técnica na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo- FMRP/USP, e graduada em Enfermagem pela UFTM.

 

Corte de verbas

 

Conexões: A UFU recebeu, em agosto, a proposta de orçamento preliminar do MEC para 2017. Há um corte de 20% em relação ao valor que era esperado. O atual pró-reitor de Planejamento, José Francisco Ribeiro, declarou, em entrevista à Diretoria de Comunicação da UFU, que o valor é insuficiente para as despesas projetadas para 2017. Diante dessa situação, que possíveis soluções e medidas a chapa vê para reorganizar os gastos diante do orçamento e que âmbitos da UFU considera que devem ser priorizados (sofrer menos com o corte)?

 

Pedro Frosi: Em qualquer circunstância, uma gestão moderna e eficiente deve desenvolver processos com controle rigoroso de gastos e com transparência na aplicação dos recursos. A partir de um efetivo planejamento estratégico, ter claro o que é estratégico e essencial para o funcionamento da universidade bem como estabelecer as fontes e as respectivas aplicações dos recursos. É importante frisar que a UFU executou em 2015 aproximadamente R$1,2 bilhão, sendo que no Brasil não há mais do que 50 cidades com este orçamento. Acreditamos que, com os vários níveis de planejamentos e uma gestão profissional, seja possível otimizar a aplicação deste montante tornando a UFU mais eficaz. Além disso, a UFU deve estabelecer ações para, além do CT‐INFRA, desenvolver projetos nos demais 15 fundos setoriais existentes no FNDCT, que hoje não são explorados e onde há vultosos volumes de recursos. Vamos desenvolver ações para o estabelecimento de convênios com federações de indústria, comércio, serviços e terceiro setor, tais como FIEMG, ACIUB, SEBRAE, CDL, entre outros entes regionais, estaduais e nacionais, visando o desenvolvimento de projetos de extensão e pesquisa para transferência de conhecimentos e tecnologias. Isto pode mudar significativamente a matriz de fomento da UFU, hoje calcada fundamentalmente no MEC, MS e MCTIC, para fomentos baseados na transferência de propriedade intelectual da UFU para a sociedade que a mantém.

 

Assistência Estudantil

 

C: As políticas de assistência estudantil têm se mostrado essenciais para a permanência de alunos na universidade e sua demanda tem sido constantemente ampliada. Caso eleita, o que a chapa pretende fazer para reduzir o impacto sobre elas do corte orçamentário já anunciado pelo MEC?

 

PF: Além das entidades estudantis ligadas à graduação e à pós‐graduação, vamos incluir nos Assuntos Estudantis, os estudantes da ESEBA e da ESTES, considerando que suas demandas não aparecem nessas relações. As entidades estudantis sejam elas Diretórios Acadêmicos, Centros Acadêmicos e Atléticas, bem como Baterias e Cheerleaders devem ter respaldo e comunicação direta com a Pró‐reitoria de Assuntos Estudantis – PROAE. Envidaremos esforços para que estas entidades tenham assento no conselho da PROAE. A partir do reconhecimento da importância dessas relações, muitas possibilidades e interações administrativas podem ser realizadas, como por exemplo, a indicação e a solicitação de aquisições de obras para as bibliotecas, requisição de veículos, entre outras. A UFU apresenta uma diversidade importante em seu corpo discente e essa diversidade remete a necessidades em aspectos variados tais como moradia, alimentação, transporte, cultura, lazer, esporte etc. Se queremos fazer avançar uma política amparada na equivalência de direitos, então, reconhecer estes novos atores e compreender suas experiências são exigências fulcrais. Precisamos prover os meios para que não somente cheguem à UFU, mas que aqui realizem seus sonhos e a formação acadêmica de excelência. As novas circunstâncias exigem uma UFU que responda aos desafios contemporâneos e trabalhe para vencer o atraso em todos os sentidos dessa palavra.

 

Segurança

 

C: Em 2015, o debate sobre a segurança dentro dos campi foi retomado. Relatos de assaltos e violência, além de uma operação realizada pela Polícia Federal que expôs o tráfico e uso de drogas dentro do campus motivou a atual gestão a anunciar medidas como o estudo de uma parceria com a Polícia Militar e a expansão e terceirização do sistema de monitoramento. Caso seja eleita, quais medidas a chapa tomará considerando a garantia de segurança na universidade?

 

PF: A segurança nas universidades federais, incluindo a da UFU, remonta a uma época em que os riscos envolviam apenas o patrimônio das instituições. Entretanto, segurança se tornou um tema crítico nas sociedades modernas e esta abordagem da segurança tradicional não mais responde às necessidades atuais. É por este motivo que os governos no mundo todo encaram o aspecto da segurança como um tópico de Defesa que, como o próprio nome diz, é se precaver ou agir antes da intercorrência. Trata‐se de criar mecanismos e ferramentas que permitam uma ação preventiva. Para tal, é necessário dotar a UFU de um sistema integrado de monitoramento e controle, que envolva a Administração (a Segurança em particular) e as comunidades em todos os campi e cidades, internas e externas à UFU. É necessário um sistema integrado inteligente que seja capaz de antever determinados comportamentos e, então, acionar o corpo de segurança. É fundamental também que o corpo de segurança seja bem treinado para agir preventivamente, pois é provado estatisticamente que a presunção da prevenção desmotiva ações oportunistas. Além da solução tecnológica para dar suporte a este tema, a UFU precisa de uma Política de Segurança que envolva todos os sujeitos e, qualquer que seja a proposta, é fundamental a participação de todos os setores que compõem a comunidade interna, bem como setores da sociedade que podem sobremaneira colaborar com ações propositivas para a construção de uma política institucional de segurança.

 

Hospital de Clínicas

 

C: Em janeiro deste ano o HC informou que atenderia somente “casos de risco iminente de morte ou sequelas graves”. Em junho, com uma dívida de 50 milhões de reais, a direção* da unidade reconheceu esta crise como a mais grave de sua história. Foi admitido também o risco de fechar as portas permanentemente. Se eleita, que medidas podem ser tomadas para alteração deste cenário? (*Hélio Lopes)

 

PF: O objetivo de novas políticas e ações das instituições de saúde tem sido o de reforçar sua sustentabilidade, garantindo maior inclusão social e acesso aos serviços. No entanto, vemos claramente que os serviços de saúde, além do grave problema de subfinanciamento e consequente endividamento, enfrentam desafios administrativos tradicionais – antigos e crônicos. Dificuldades de atendimento, com qualidade e rapidez, aumento dramático dos custos, e a crescente demanda por atendimentos cada vez mais complexos. Assim, é comum que em meio à enorme demanda e à escassez de recursos, os gestores se vejam limitados ou quase impotentes perante o jogo político e administrativo cujos fatores mais críticos escapam do seu controle. Necessita‐se, então, ampliar a capacitação da nossa Instituição na área de saúde, e, sobretudo, ter nova compreensão sobre o processo de optar por novas políticas e formulá‐las. O HC tem responsabilidades indissociáveis entre a educação e a prestação de serviços de saúde. Para tanto, não há outra forma que não seja aplicar técnicas de análises rigorosas e de planejamento estratégico e revitalizar a FAEPU para desenvolver novas formas de captar recursos.

 

C: Um contrato assinado em 2011 autorizou uma obra de ampliação do HC orçada em 94 milhões de reais. Há menos de três meses, mesmo com pedidos do diretor clínico** para que a sociedade não procurasse o hospital devido à inexistência de condições seguras de atendimento, o valor foi reajustado para cerca de 120 milhões de reais. Com tal quantia, o hospital poderia ser mantido por um ano. O que é prioridade? (**Paulo Sérgio de Freitas)

 

PF: Em relação à pergunta especifica sobre a ampliação do HC, cremos que a falta de planejamento dificulta respondê‐la, e na ausência de planejamento e sem uma visão clara do caminho, o atendimento à população torna‐se prioritário.

 

Campus Glória

 

C: Nos últimos anos a UFU tem lidado com uma delicada questão, a ocupação de parte do terreno da universidade no Campus Glória. Hoje, mais de duas mil famílias encontram- se instaladas no território e a UFU enfrenta uma forte pressão judicial, chegando o Ministério Público Federal (MPF) a ter bloqueado os bens dos atuais reitor e vice-reitor e também do ex-reitor por entender que houve omissão da administração da universidade no caso e improbidade administrativa no processo de “troca” de terrenos entre a UFU e o município de Uberlândia. Caso seja eleita, como a chapa pretende agir para solucionar essa questão?

 

PF: A invasão do Glória conta hoje com mais de 3.000 famílias invasoras e tornou‐se um grande problema social. Cremos que a remoção dessas famílias não é mais uma solução restando então o caminho do ressarcimento à UFU seja por via do pagamento em espécie ou por meio da permuta. Ocorre que a troca proposta e que resultou nos atos do MPF citados na pergunta aconteceu, pois, as áreas oferecidas em troca apresentam valor significativamente inferior àquele do Glória (algo entre R$ 48 milhões e R$65 milhões). Existem na região diversas áreas do Município, do Estado e da União e, então, cumpre à administração da UFU envidar todos os esforços para que a universidade seja recompensada com imóveis em valor igual àquele mencionado anteriormente, para que não haja prejuízo ao seu patrimônio. Por outro lado, como agente importante, cumpre à Universidade cobrar do município, o verdadeiro responsável pela questão social, a urbanização e o suporte aos moradores da área invadida. É, inclusive, uma excelente oportunidade para o desenvolvimento de projetos de extensão (tais como de urbanização, arquitetura, assistência social, energia elétrica, entre outras especialidades) para que se minimize os efeitos do assento não planejado de moradores naquela área.

 

Campi avançados

 

C: Os campi avançados da UFU (Monte Carmelo, Patos de Minas e Ituiutaba) vêm sofrendo com infraestrutura precária. Os alunos reclamam de questões como falta de pavimentação e más condições ou ausência de laboratórios, por exemplo. Diante das reivindicações, que foram expostas fortemente durante ocupação estudantil da Reitoria em junho, a chapa traz planos para melhorar a situação desses campi a longo e curto prazo?

 

PF: Os campi existentes nas cidades de Ituiutaba, Monte Carmelo e Patos de Minas apresentam necessidades diversas daqueles existentes em Uberlândia em função da distância do campus Santa Mônica (sede), da consolidação (tempo de vida), dos processos de negócios, do orçamento e da exiguidade do quadro de pessoal. Devido ao espaço limitado, vamos focar em aspectos essenciais ao funcionamento destes campi, à qualidade de vida no ambiente de trabalho e estudo e à eficiência. Em relação aos investimentos para infraestrutura de vias, estacionamentos, laboratórios, restaurantes, bibliotecas, etc remetemos o leitor à questão sobre a exiguidade de recursos. Para a otimização de pessoal e tempo, vamos sistematizar os serviços (processos de negócios) da UFU para oferecer todos por meio digital, de tal forma que os servidores, que trabalham nessas cidades e que dependem desses serviços, não dependam mais de enviar formulários para Uberlândia, pessoalmente ou via malote de formulários. Parte do isolamento percebido pelas pessoas nestas cidades deve‐se precisamente à falta de serviços sistematizados no sistema de gestão da UFU, o que torna lento e de difícil acompanhamento os serviços requeridos à administração. Entendemos que há necessidades críticas, e vamos dedicar especial atenção à implementação de projetos prioritários nesses campi.

 

Eventos culturais nos campi

 

C: Os eventos culturais na UFU, tais como a Calourada e demais festas e/ou apresentações artísticas que ocorriam nos Centros de Convivência (CC), vêm sendo reprimidos há mais de um ano devido às ações judiciais do Ministério Público Federal (MPF). Os principais motivos do MPF para a proibição dos eventos têm relação com a falta de fiscalização da Universidade no que concerne à venda e consumo de bebidas alcoólicas, além do controle de emissão sonora. Diante desse cenário, como pretende atender às reivindicações dos estudantes por espaços culturais frequentes no âmbito universitário e ao mesmo tempo solucionar as regras colocadas pelo MPF?

 

PF: Os campi da UFU são áreas geográficas partes das cidades que as hospedam e, portanto, devem seguir as regras de eventos dos respectivos municípios. Além disso, existem protocolos que devem ser seguidos para eventos que movimentem volumes significativos de pessoas. A primeira regra é que para a realização de um evento é necessário alvará da Prefeitura Municipal autorizando sua realização. O protocolo para grandes eventos preconiza que sejam garantidos assistência médica primária, transporte emergencial e o plantão do corpo de bombeiros, entre outros, e que os eventos não causem ruídos que excedam os limites da Lei do Silêncio. Deste modo, o MPF não impede que os eventos sejam realizados, mas exige que a UFU somente hospede eventos se todos os alvarás e protocolos para a autorização sejam apresentados, sob pena de os dirigentes responderem judicialmente, corporativamente e nas pessoas físicas. Ocorre que no período mencionado na pergunta, segundo informações colhidas, a Prefeitura Municipal de Uberlândia não tem expedido alvarás para execução de eventos na UFU, sendo que, recentemente, a comemoração do aniversário da ADUFU obteve alvará da Prefeitura Municipal. Em nossa gestão vamos dar todo o suporte para a obtenção de alvarás e queremos ter eventos culturais frequentemente, em todos os campi, para aumentar a convivência da comunidade da UFU e, também, envolver a sociedade para frequentar a universidade visando eliminar a distância entre a UFU e a comunidade.

 

Agência Conexões
agenciaconexoes@gmail.com
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