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Mãe de 150

Autoria: Guilherme Amaral

A Estação Vida é uma instituição que cuida de crianças e adolescentes de seis a 16 anos, auxiliando na sua formação e educação. A ideia é atender aqueles que não têm onde ficar quando não estão na escola e os pais estão trabalhando, em uma tentativa de evitar o contato das crianças com o ambiente marginalizado das ruas, atendendo a uma demanda que ainda é descoberta pelas políticas públicas municipais.

 

Esta instituição conta hoje com mais de 150 crianças e vários professores, gestores e cozinheiros. Está localizada no bairro Shopping Park em Uberlândia e possui até uma horta que serve como fonte de renda na venda de produtos orgânicos.

 

O projeto foi fundado por nove pessoas, entre elas Leoni Moraes, 56 anos, que hoje trabalha na coordenação da Estação Vida. Começou na igreja católica somente como uma creche. O dinheiro vinha dos bolsos dos que fundaram e de ajuda da vizinhança.

 

Depois de terem ocupado o espaço do fundo de uma casa de um dos apoiadores do projeto e conseguido a subvenção da Prefeitura, os fundadores fizeram o possível para o crescimento  da instituição, mas somente Leoni continua trabalhando nela. “Aqui já foi uma barraca de lona. Não tinha banheiro e a água a gente pegava dos vizinhos”, lembra Moraes. E, graças a essa condição  de fundadora, ela não se limita apenas à coordenação, às vezes é dona, às vezes, mãe. “Procuro ajudar onde posso, substituir quem não pode aparecer, auxiliar em alguma atividade, e até mesmo em colocar ordem quando as crianças estão dispersas“, conta.

 

Sua função como coordenadora não é tão simples, Leoni está sempre atendendo alguma ligação, dando avisos às crianças,  discutindo futuros eventos, pensando em melhorias para a Estação Vida, mas isso não a faz perder o sorriso em seu rosto. O que impressiona é como ela consegue conciliar seus diversos papéis com a vida pessoal. Toda essa dedicação é reconhecida.  “É um ato de reciprocidade. Sempre me dirigi com respeito a eles”, comenta. E, em uma conversa de poucos minutos, é possível entender porque esse projeto vem dando tão certo. “Eu amo meu trabalho, quando se trabalha de coração, não fica difícil, vai caminhando”.

 

Sua rotina de trabalho dura de doze a quatorze horas, “e eu volto para casa e durmo igual um bebê, porque isso não me cansa”, diz. A coordenadora busca sempre quem mais precisa de ajuda, sem medo ou receio, explica gostar de trabalhar com os jovens que outros consideram mais difíceis. E, ainda assim, Leoni acha que isso não é o suficiente, ela gostaria de trabalhar com adultos e idosos. Mas esse é um projeto para o futuro.

Vanessa Gianotti
vanessagianotti.jor@gmail.com
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