
04 abr Fica Vivo busca vínculo com jovens da periferia de Uberlândia
Nascido da necessidade de prevenir a criminalidade de forma mais focalizada, o Fica Vivo foi concebido em 2003, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Após expandir-se pela região metropolitana de Belo Horizonte, a política já alcança 31 cidades do estado mineiro. Segundo estudo realizado pela UFMG em 2009, o programa contribuiu para a redução de 69% no índice de homicídios na região periférica de Morro das Pedras, em Belo Horizonte.
Segundo Ricardo dos Santos, psicólogo e gestor dos CPCs Morumbi e Canaã em Uberlândia, o Fica Vivo se divide em dois eixos: proteção social e intervenção estratégica. “O eixo de proteção social visa trabalhar com os jovens desse território que estão altamente envolvidos com a criminalidade”, explica. Segundo ele, o programa busca principalmente aqueles que não se encaixam totalmente nas instituições tradicionais, como a escola. Além disso, o programa constantemente monitora os espaços do bairro para oferecer atividades e oficinas de esportes, circo, costura e artesanato.
Com o objetivo de fazer com que o jovem da periferia se identifique no espaço urbano, Ricardo explica que o programa promove a circulação do jovem na cidade. “Fazemos o trabalho de circulação, normalmente o pessoal da periferia não se sente pertencente à cidade, é impressionante. Então, a gente percebe que o jovem não conhece cinema, a gente trabalha pra leva-lo ao cinema. Vamos muito ao SESC com eles também”, diz o gestor.
Fica Vivo oferece oficinas no bairro Morumbi. Foto: Daniel Pompeu
INSERÇÃO NA COMUNIDADE
De acordo com o psicólogo, o programa demanda tempo até conquistar a comunidade em que se insere. “O objetivo primordial é vínculo, e você não constrói vínculo de um dia pro outro. É uma questão de médio a longo prazo. Então, você precisa ser visto, as pessoas tem que reconhecer que você está la pra ser parceiro”, explica ele. O Fica Vivo, com o objetivo de fortalecer a confiança da periferia com o programa, prioriza oficineiros da própria comunidade em que se insere. “Geralmente são oficineiros que já conhecem o território, que têm vínculo com os jovens, normalmente pegamos alguém de dentro da comunidade”, diz.
INTERVENÇÃO ESTRATÉGICA
Além da atuação social, a política prevê uma parceria com a polícia militar e justiça criminal para realizar intervenções estratégicas. Segundo o gestor, há um contato frequente com a polícia, que é acionada caso seja observada atividade criminal dentro do território. Reuniões entre promotores e a gestão dos CPCs são feitas a cada dois meses para encontrar soluções menos invasivas para problemas específicos de criminalidade dentro da comunidade.
No Comments