15 out “Foi me tocando que eu descobri o nódulo na mama”
Por: Karol Cardoso
“O corpo é seu, você tem que se cuidar, se cuidar é um gesto de amor.” Foi nesse gesto de autocuidado que Vania Maria Mota Matias, de 56 anos, descobriu a presença do carcinoma, um tumor maligno, em suas mamas.
Tudo começou quando Vania Matias começou a sentir um desconforto nas mamas. “Comecei a sentir umas ferroadas, como se fossem agulhadas, e também sentia inchado, como se tivesse um balão dentro da mama, mas olhando parecia tudo normal”, relata. Foi então que, ao se deitar, começou a apalpar em busca de algo diferente. Quando sentiu que havia uma parte empedrada, se preocupou. Na mesma semana procurou auxílio médico no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia e deu início aos exames.
Com alteração nos resultados da mamografia foi pedida uma ultrassom e a suspeita se confirmou: havia um nódulo. “Nesse dia eu fui sozinha. Minha filha tava estudando. Eu cheguei em casa arrasada. Marquei e fiz a biópsia na UFU também. É muito difícil você ter que se cortar pra fazer uma biópsia. Seu emocional já tá ruim e é tudo pior. Aí deu que era carcinoma”, lembra. Vania comenta a importância do apoio: “Seu chão abre quando você recebe o diagnóstico, daí vem a família e te acolhe. Meus filhos, meu esposo, meus irmãos, minha mãe, muitos amigos… É uma hora que você vê realmente quem são seus amigos. Eu tinha muitos e continuei com muitos”.
Depois do choque, Vania, que já era voluntária no Hospital do Câncer, passou a frequentar o local como paciente. Passadas seis sessões de quimioterapia e mais de 30 de radioterapia, ela deu início à terapia anti hormonal, para impedir que o câncer voltasse e o acompanhamento foi ficando mais espaçado. “Agora, em julho, fez 10 anos que eu tive alta geral e pra mim foi uma bênção”, comemora.
Se já tinha amigos, hoje tem muitos mais. A cada sessão os pacientes que a acompanhavam mudavam, mas era como se todos já se conhecessem. O reconhecimento da dor do outro criou uma rede de apoio instantânea. Além das amizades que fazia durante as sessões, ela conta que também tem muitos amigos virtuais. “Eu participo de vários grupos no Facebook. Tenho amiga que fez tratamento de câncer que mora na Bahia e eu nunca vi, mas somos amicíssimas”, confessa.
“A mulher que tá passando por isso não deve se preocupar, agora ela tem que se curar, depois as mamas podem voltar a ser como eram ou até melhor”, encoraja. Hoje, com mama e mamilo reconstruídos, mulher de muita garra, Vania gosta de incentivar quem está passando pelo processo. Ela acredita que, sabendo de sua experiência, quem está no começo do caminho vê luz no fim do túnel.
Depois de achar que tinha recebido uma sentença, viu a oportunidade de um recomeço. “O melhor dia foi quando eu recebi o diagnóstico porque eu fui atrás da minha cura. Se eu não tivesse descoberto, eu não tava aqui. Quem procura acha e quem acha se cura”, sintetiza.
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