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Investimentos nos atletas mirins é o primeiro passo rumo aos futuros campeões

Neste último domingo, o Brasil se despediu das Olimpíadas de 2016, que trouxe algumas discussões. Muito se falou sobre as continências prestadas por alguns atletas quando estavam no pódio, mas primeiramente é preciso entender que um terço da delegação brasileira nos jogos é composta por sargentos, entre eles muitos dos que ganharam medalhas. Isso acontece porque eles participam do Programa Atletas de Alto Rendimento e do Bolsa-Atleta, programas criados em 2008 e 2005, respectivamente, pelo governo federal e com objetivo de garantir que os atletas se dediquem com exclusividade aos treinos e torneios. Isso é ótimo para incentivar nossos grandes esportistas, mas aí é que está o “problema”: os beneficiários precisam ter bons resultados em competições nacionais e internacionais para conseguirem se alistar e receber a ajuda financeira.

 

Crianças do projeto Basquete Cruzada interagiram com jogadoras brasileiras. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

 

Como fica a situação daqueles que têm grande potencial, mas estão apenas no início dessa jornada? É de conhecimento geral que o Brasil possui muitas escolinhas de futebol para crianças e adolescentes; praticamente todos os times possuem uma base, que foi de onde saíram grandes nomes como Neymar, Robinho, Kaka… Porém, vendo o ranking dos jogos encontramos medalhas brasileiras nos vôleis de quadra e de praia, judô, ginástica, canoagem, vela, etc. Esportes esses que não possuem nem metade do investimento e patrocínio dado ao futebol (e aqui me refiro ao masculino; sobre o feminino acho que daria outro texto). Será que não poderíamos dobrar o número de medalhas conquistadas se houvesse mais incentivo aos atletas desde criança?

 

São muitos questionamentos. Fui procurar se o Ministério do Esporte teria algum programa voltado à base. Acabei encontrando o “Centro de Iniciação ao Esporte”, que tem como objetivo ampliar a infraestrutura de equipamento público esportivo qualificado. Já foram selecionadas 240 propostas para serem implementadas em diversos municípios de todo o país. Mas é preciso ter um investimento a médio e longo prazo para utilizar esses espaços, com profissionais formados se dedicando inteiramente, já que sem isso de nada vale possuir ótimos equipamentos. Não podemos esquecer também dos treinadores, como bem lembrou o treinador de Arthur Zanetti, Marcos Goto.

 

Ainda perambulando por dados e pesquisas, vi que o Censo Escolar de 2015 mostra que seis em cada dez escolas públicas de educação básica não possuem quadras esportivas. A educação física ainda é muito desprezada em relação a outras áreas de ensino como ciências e matemática. Acredito que isso acontece por causa da pressão de passar no vestibular que muitos jovens sofrem. Dessa maneira, vejo que é necessário maior apoio à iniciação esportiva, pois ela também é uma forte ferramenta de inclusão social. Precisamos convencer a nós mesmos que não somos apenas o “país do futebol”. Somos da ginástica, do judô, do atletismo, do boxe, do handebol… de todos os esportes.


 
  

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