31 maio Mulheres, negros e jovens? No Congresso?
EDITORIAL – Brasileiras: nascidas e criadas no ocidente, palco das grandes revoluções, dentre elas a feminista. Conquistaram o direito ao voto, ao estudo, um mercado de trabalho com cada vez mais mulheres, a liberdade sexual e a liberdade em si. No entanto, todas essas conquistas conseguem ser eclipsadas diariamente. Índices altíssimos de feminicídio, estupros, violência obstétrica e claro: a mínima e esquizofrênica visibilidade política. O país da diversidade, composto por uma maioria de mulheres, igualmente miscigenado, com uma população de não brancos estatisticamente maior. Um país jovem, que teima em eleger os mesmos velhos homens brancos para sua representação.
Mundialmente o Brasil agora se encontra na posição 155 de 185 posições do ranking mundial sobre representatividade feminina na política nacional. São 51 deputadas dentre 513 cadeiras na Câmara e 13 nas 81 cadeiras do Senado. Elegeu-se em 2014 o que especialistas chamaram de “O Congresso mais conservador desde 1964”.Como exemplo, pegamos um Brasil de 2013 que caminhava em passos de tartaruga ocupando a 121° posição do referido ranking mundial para torná-lo ainda mais conservador. Mas afinal, qual o problema de não haver mulheres na política? O que importa não é a competência da pessoa?
Convivendo em democracia, o discurso plural não só é importante como essencial. Precisamos discutir as pautas que afetam a vida da cidadã brasileira, mas é preciso discuti-las com quem é diretamente afetada por elas, e não com os mesmos velhos homens em togas. É preciso colocar em pauta a violência policial, o ciclo vicioso em que se encontra o jovem da favela e o combate às drogas. É importante falar sobre machismo, identidade de gênero e homo/transfobia. É essencial educar sobre economia, gastos domésticos e burocracia. No entanto, vota-se em quem não está aberto a discussão, em quem não quer ouvir e não tem a mínima necessidade de colocar em prática as mudanças necessárias.
E agora, José? Que a bagunça já está feita, nós só ouvimos em desgraça, e o congresso parece agir fora da realidade. Agora, é hora sair do conforto. De procurar seus representantes para as próximas eleições municipais, de saber das propostas, do que é possível e das utopias. Agora, é procurar os meios certos, ir às reuniões de bairro, de comunidades e câmaras municipais, porque o problema é geral, mas pode-se alcançar soluções. Agora, é a hora de acordar para que daqui a dois anos não se eleja um congresso no qual não podemos nos reconhecer.
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