Observatório Luminar
Luminar é um observatório de mídia voltado para o acompanhamento sistemático da cobertura jornalística sobre políticas públicas. Acesse clicando aqui

Museus da UFU guardam a memória e oferecem conhecimento e arte para a cidade

https://infogram.com/resume-photo-1hmr6g39r3934nl?live

“Eu gosto bastante, principalmente como futura historiadora. Além de ser um local de pesquisa, é um local de lazer, que você pode ir e assistir a uma apresentação, aprender sobre determinado assunto em exposição, e também produz material didático.”

É o que diz a estudante de História Geovana Guimarães, estagiária e frequentadora do Centro de Documentação e Pesquisa em História (CDHIS). Ela conheceu o espaço logo na primeira semana de aula e se apaixonou. Segundo Geovana, nunca parou de frequentar, até que conseguiu um estágio no local. Para a futura historiadora, o centro contribui muito para sua formação.

Os museus, enquanto promotores da cultura, realizam um trabalho de armazenamento de artefatos e informações específicas que não poderiam ser guardadas em qualquer outro local, que fosse capaz de possibilitar o acesso para toda a população. Dessa forma, materiais que contém significado e relevância são organizados de modo didático e acessível, trabalho de grande relevância e importante papel social. Exemplo disso é o que explica o professor Jean Abreu, coordenador do CDHIS, sobre a última exposição realizada: “Aqui a gente preserva a memória da cidade de Uberlândia e região, e possibilita que o público tenha acesso a essa documentação, o que dificilmente aconteceria sem o centro. Nossa função é, primeiro, permitir a guarda dessa documentação, que poderia estar perdida, segundo, possibilitar o acesso ao público e garantir com isso a preservação da memória”. 

Na Universidade Federal de Uberlândia, o Sistema de Museus é uma das grandes ações de extensão oferecidas à população. Dando continuidade à série “A UFU no cotidiano de Uberlândia”, hoje apresentaremos os museus universitários. “Os museus da UFU trabalham com o tripé que tradicionalmente sustenta a universidade: o ensino, a pesquisa e a extensão, acontecendo de maneira orgânica e conjunta dentro das unidades museais. Todos os museus têm um núcleo de ação educativa, que pode se dar, por exemplo, com visitas de escolas”, esclarece Alexandre Molina, diretor de Cultura (Dicult) da UFU. Molina explica que essa troca de conhecimentos entre os visitantes, alunos e professores que atuam nos museus é a essência da dimensão extensionista da Universidade. “E para que essa ação educativa e extensionista aconteça, há, necessariamente, uma dimensão de pesquisa”, sintetiza o diretor.  

O Sistema de Museus da UFU (SIMU) abarca todas as unidades museais presentes dentro da instituição. Gerenciado pela Diretoria de Cultura, o órgão conta, atualmente, com cinco museus: Museu da Biodiversidade do Cerrado (MBC), Museu Universitário de Arte (MUnA), Museu de Minerais e Rochas (MMR), Museu do Índio (MUSÍNDIO), Museu Diversão com Ciência e Arte (DICA). Confira ao final desta reportagem o que você pode conhecer em cada museu da UFU!

“A gente tem um conjunto muito significativo de escolas que visitam os nossos museus. O que fazemos é, justamente, buscar agregar diferentes tipos de conhecimento que possam ser, de alguma forma, compartilhados com a sociedade”, explica Alexandre Molina. Ele destaca que a importância dessas instituições é, não apenas apresentar os documentos e artefatos, mas também “demonstrar para a sociedade a importância de conhecer, de cuidar, de preservar, e, principalmente, de conhecer o mundo ao seu redor”. Com tal objetivo, os museus da UFU desempenham grande importância para a comunidade acadêmica da universidade e também para toda a cidade de Uberlândia e região. 

Além dos museus, a UFU conta com o Centro de Documentação e Pesquisa em História (CDHIS) e com o Núcleo de Preservação da Memória do Hospital das Clínicas da UFU. O segundo, tem por objetivo armazenar e conservar os arquivos do HC/UFU, portanto não exerce funções de museu e, sim, de arquivo. Já o primeiro, como explica o coordenador do espaço, Jean Abreu, possui mais funções que apenas armazenar. “O CDHIS não é um museu, é um centro de documentação, apesar de já ter integrado o conjunto de museus da UFU, porque a gente também realiza exposições”. Abreu explica essa soma de funções: “Um centro de documentação reúne a função de museu e de arquivo,  porque, além da guarda da documentação, a gente também tem exposições e alguns tipos de documentos que são próprios de museus, indo além de fontes escritas.”


Exposição “João Quituba” realizada em 2018  no CDHIS (Imagem: Sara Camelo / Jornal Senso InComum)

Preocupação com falta de verbas

Um fato que tem levantado preocupações é a recente capacidade de manutenção dos museus pela universidade. Os museus da UFU, enquanto instituições ligadas diretamente à educação, estão sujeitos às medidas de contingenciamento realizadas no primeiro semestre de 2019 e podem ser prejudicados por ela, afirma Alexandre Molina. “Esse corte foi direcionado para a educação de modo geral, e as unidades museais estão dentro de uma universidade, portanto, elas também são órgãos integrantes desse sistema educacional. Esses cortes podem afetar a universidade como um todo, e os museus, infelizmente, não estão isentos desse processo”, lamenta. 

De acordo com o Pró-Reitor de Extensão, Helder Silveira, em entrevista à Conexões, desde o incêndio do Museu Nacional, em 2018, a atenção ao SIMU tem sido redobrada. Já haviam sido identificados pontos que requerem atenção, como manutenção do espaço e ajustes das instalações, porém com o bloqueio do orçamento, esses pontos, além de não resolvidos, poderão ser agravados. “Nós temos muitos problemas que precisam de uma intervenção e o orçamento colocado neles [os museus] era muito pequeno. Se a gente aplicar alguma retração, eu tenho medo de comprometer o funcionamento. Até porque, a gente tem que lembrar, que os museus funcionam com o orçamento das unidades acadêmicas e com o apoio dessa pró-reitoria [de Extensão e Cultura]. Com a retração orçamentária é possível que os diretores apliquem uma retração em todas as ações, inclusive nos museus”, sintetiza o pró-reitor.

O professor Marcos Souza, coordenador do MMR, confirma essa posição, dizendo que o corte de verbas, sem dúvidas, afeta os museus. “A gente, por exemplo, poderia fazer algumas coletas para novas amostras do acervo, mas não tem como fazer no momento. A gente poderia também fazer um material didático para distribuir às escolas e universidades, o que, sem verba, fica prejudicado.”

A Dicult tem realizado esforços para evitar que os museus sejam prejudicados, tal como a criação de um programa de apoio às unidades, o PROMUS, que também tem linhas de financiamento para os museus desenvolverem atividades. De acordo com Alexandre Molina, cada museu terá um aporte financeiro de 16 mil reais para que possa investir naquilo que considerar mais necessário. O pró-reitor Helder Silveira afirma que tem tentado manter as verbas direcionadas aos museus, mas que o cenário é instável.

Segundo Geovana Guimarães, estagiária e frequentadora do CDHIS, um exemplo de intervenção necessária na estrutura física dos museus é a falta de acessibilidade em todo o bloco Q, onde se encontram o MMR e o CDHIS. Outro ponto apontado por Jean Abreu são as infiltrações no mesmo prédio, que aparecem durante o período de chuvas e que comprometem a preservação do acervo. 

O que se espera é que haja um remanejamento das verbas e que a medida retroceda sem prejudicar nenhum segmento universitário, bem como os museus. Segundo Molina, ninguém quer que os museus fechem. “Cada museu tem a sua especificidade, então tirar esse patrimônio e essa possibilidade de acesso do cidadão seria um crime contra o conhecimento e a cultura. Eu considero que esses museus têm uma importância fundante no processo de formação guiada do cidadão”, resume.

Confira o vídeo do professor Marcos Souza, coordenador do Museu de Minerais e Rochas da UFU, falando sobre a importância dos museus da Universidade:


Milena Felix
milenafelix12@outlook.com
No Comments

Post A Comment