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No dia Mundial do Transtorno Bipolar saiba como buscar ajuda

O dia 30 de março é conhecido como o Dia Mundial do Transtorno Bipolar em homenagem ao pintor pós-impressionista Vincent Van Gogh. Após sua morte, profissionais da psicologia indicaram que é provável que ele fosse portador da bipolaridade.

O transtorno de bipolaridade trata-se de uma doença que, apesar de não ter cura, possui um tratamento e permite que seu portador leve uma vida normal. De acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o transtorno atinge atualmente cerca de 140 milhões de pessoas no mundo. E é muito comum começar a ser tratado como depressão unipolar, como aconteceu com Caroline Soares, estudante de 21 anos do curso de jornalismo na Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

A estudante foi diagnosticada com bipolaridade há 5 meses, mas já havia notado desde seus 15 anos que precisava de tratamento  profissional por causa de um esgotamento mental que sentia, mas não sabia como procurar ajuda. “Vivemos em uma sociedade onde tudo é muito rápido, você precisa terminar o ensino médio, passar na faculdade, conseguir um emprego, casar, ter filhos e quando a gente não alcança esses patamares impostos pela sociedade, a nossa mente também adoece”, esclareceu ela.Neste ano, Caroline buscou um profissional no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e logo foi encaminhada para uma psiquiatra que a diagnosticou com depressão. 

Foto: Freepik

Formada em medicina e em seu último ano de residência na UFU, Amanda Ribeiro Borges de Almeida atende no CAPS AD em Uberlândia e diz que é muito comum, no início, os casos serem tratados como uma depressão unilateral, “Para ser caracterizado transtorno bipolar, ele [o paciente] tem que ter pelo menos um episódio de quando o humor vai lá em cima, como uma euforia”. 

A cidade de Uberlândia possui hoje cinco unidades de CAPS. O CAPS I é específico para crianças e jovens de até 18 anos; o CAPS II é para adultos, mas ambos não possuem leitos para internação. Os dois CAPS III suportam um número maior de pessoas e permitem internação. Já o CAPS AD possui especialistas para tratar pacientes com problemas com uso de álcool e drogas, ao mesmo tempo em que  tratam outras doenças mentais. Em relação a gestão pública, a médica tem a percepção de que o tratamento de doenças mentais na cidade está sempre precisando de mais recursos, “Querendo ou não a saúde mental é deixada de lado, então a psiquiatria sempre fica por último”, diz ela.

Em dezembro de 2020, o governo Bolsonaro apresentou uma planilha com propostas ao Conselho Nacional de Secretários da Saúde (CONASS) a fim de revogar portarias que sustentam a política de saúde mental, dentre elas propor que o CAPS faça apenas reabilitação e deixe a função psiquiátrica para outro serviço, além de propor a extinção do CAPS AD. Por outro lado, a saúde mental da população foi diretamente afetada pela pandemia, elevando a procura online por psicólogos em 32%, como aponta GetNinjas, aplicativo de contratação de serviços com atuação na América Latina.

A procura por acompanhamento profissional é indispensável não apenas para os portadores da bipolaridade. Para os bipolares é importante procurar um psiquiatra para orientações sobre o tratamento medicamentoso e um psicólogo para as questões emocionais, assim o paciente saberá interpretar suas emoções e lidará melhor com as situações adversas. Mas a todos que percebem necessidade, a médica Amanda Almeida alerta: “cuidar da saúde mental é a mesma coisa que cuidar de qualquer outra parte do seu corpo”.  Ela relata que ainda há resistência de muitas pessoas em procurar ajuda profissional quando se trata de doenças mentais. “E quando procuram e tratam, falam ‘nossa, porque não procurei antes’, de tanto alívio que sentem.” 

A demora pela procura da ajuda psicológica  pode ser muito prejudicial, pois o tratamento precoce atua na melhora da qualidade de vida dos portadores de bipolaridade, não apenas relacionado à saúde, mas também à vida social. “O tratamento, quanto mais precoce, muda a história de vida da pessoa”, esclarece a psiquiatra. A estudante de jornalismo, Caroline Soares, hoje grava vídeos no Instagram, compartilhando sua trajetória até o diagnóstico, a fim de relatar a seus amigos e familiares sobre o período em que ficou afastada das redes sociais. Ela conta que, após a identificação da doença, não encontrou no Youtube, a maior plataforma de compartilhamento de vídeos, nenhum relato de pacientes com o transtorno, possivelmente por sentirem medo da rejeição e de serem taxados como loucos, uma herança histórica que a sociedade carrega até hoje. Por isso, Caroline resolveu fazer a diferença, “Não tenho medo ou vergonha de falar que sou bipolar e ninguém tem que ter vergonha”.

Centros de Atenção Psicossocial:

CAPS I

Endereço: Av. João XXIII, 215, bairro Santa Maria
Telefone: 3210-0046

 CAPS Norte

Endereço: Rua Alexandre Marques, 399, bairro Martins
Telefone: 3229-2118

CAPS Leste

Endereço: Rua Ivaldo Alves do Nascimento, 1.222 ,  bairro Aparecida
Telefone: 3232-4466

CAPS AD III

Endereço: Rua Genarino Cazabona, 826, bairro Luizote
Telefone: 3226-2276

 CAPS III Oeste

Endereço: Rua Tapuios, 700, bairro Saraiva
Telefone: 3255-7337

Mariana Palermo
mariana.palermo@ufu.br
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