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No meio do caminho havia uma Reforma

Benerval Santos, ou simplesmente Benê,  é nordestino de Palmeira do Piauí e  migrou para São Paulo, em 1977, aos nove anos de idade. Foi alfabetizado na capital paulista e no início da adolescência, aos 14 anos, começou a trabalhar com carteira assinada. Já trabalhou em diversas áreas, como a construção civil, foi bancário e servidor público municipal de São Paulo.

 

Mas foi ensinando que descobriu sua paixão, quando ingressou no curso de Matemática da Universidade de São Paulo (USP). “Comecei a lecionar no primeiro ano [do curso] e me apaixonei pelo ato de ensinar. Percebi que fazia isso com muito prazer”, relembra Santos. Por conta disso, Benerval fez licenciatura, se tornou professor pela rede estadual de São Paulo e também deu aulas em escolas particulares e em algumas Universidades. Continuou estudando e fez mestrado e doutorado em Educação Matemática.

 

Benerval apoia o movimento Ocupa Brasília, que protesta contra as Reformas da Previdência, Trabalhista e a Terceirização. Foto: Beatriz Ortiz/Agência Conexões

 

 

Atualmente, Benerval leciona na Faculdade de Educação (FACED) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).  Neste ano (2017), Santos, completa 24 anos de docência e 35 anos de contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Benê, assim como os professores do país e outros milhões de trabalhadores, tem preocupação com a aposentadoria que está na berlinda por conta da PEC 287/2016 –  Reforma da Previdência, que aguarda votação no Senado.

 

O professor conta que, de acordo com as regras atuais da aposentadoria, para recebimento do benefício integral ele precisa trabalhar mais seis ou sete anos. Entretanto, caso  a Reforma seja aprovada, Benê ainda precisará trabalhar  por mais 17 anos, ou seja,  dez anos além do que atualmente é previsto. Isso acontecerá em razão da última revisão do texto, realizada em maio pela Comissão Especial da Reforma da Previdência, que estabelece a idade mínima de aposentadoria de 65 anos para os homens, além de um tempo mínimo de contribuição de 40 anos para recebimento da aposentadoria integral. Por isso, o professor é categórico em dizer que “é importante que se denuncie isso, um golpe que quer acabar com os direitos sociais do país”. Diante da delicada situação política que o Brasil enfrenta, Benerval, aos 48 anos de idade, segue na luta pelo não retrocesso das conquistas sociais e com vontade de continuar estudando. “Tenho um defeito, gosto de várias áreas; talvez eu faça outra graduação: Engenharia ou Economia ou Agronomia. Porque fazer a mesma coisa mais do que quatro ou cinco anos acaba cansando. Tenho bastantes planos para o futuro”, conclui o professor.  

 

     

Agência Conexões
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