26 jun O grande equívoco da “Cura Gay”
Por Anatália Amorim
“Cura gay” e “reorientação sexual”, termos equivocados e assustadoramente atuais. Numa sociedade heteronormativa, outras formas de sexualidade incomodam. É a intolerância às diferenças que se reflete até mesmo na esfera mais íntima da vida do indivíduo.
No século XIX, a homossexualidade passou de crime à doença. Em 1948, a Organização Mundial da Saúde, a oficializou como tal. No Brasil, até 1980, era rotulada como “desvio mental”.
A despatologização desse comportamento sexual aconteceu só em 1985 no Brasil e em 1990 no âmbito internacional. E se deu principalmente devido à mobilização e ação de coletivos defensores dos direitos LGBTS.
Entretanto, recentemente no Brasil, um projeto conhecido popularmente como “Cura Gay”, previa transformar homossexuais em heterossexuais, através da aplicação de terapias e outros tratamentos psicológicos. A ideia se tornou polêmica, pois se refere à essa orientação sexual como doença, já que a palavra “cura” pressupõe a eliminação de uma enfermidade.
De acordo com pesquisas da psicologia, a homossexualidade é um comportamento sexual tão saudável quanto outro qualquer. Estudos antropológicos também mostram que existem gays há centenas de anos, nas mais diversas culturas, como entre os gregos e também entre as populações indígenas. Isso pode evidenciar que a homossexualidade existe faz parte do comportamento humano.
Mas, voltando à polêmica “cura gay”, assim como existem opiniões desfavoráveis à medida, existe também parte expressiva da população que é favorável e influenciada por políticos e pessoas com voz ativa que partilham dessas ideias. O projeto, que tramitou no Congresso, foi arquivado. Mas a simples idealização de uma medida como essa demonstra o longo caminho que a sociedade ainda precisa trilhar para que a ignorância e o preconceito não rotulem as diferenças como anormalidade ou doença.
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