04 ago O Nobre Experimento
Em 1986, há quase 30 anos atrás, Nancy Reagan, primeira dama dos Estados Unidos, lançava uma campanha nacional contra o uso de narcóticos. ‘Just say no’ (apenas diga não) era o bordão da mulher daquele que, historicamente, foi o primeiro presidente a endurecer consideravelmente a guerra às drogas. Hoje, quase quatro décadas depois do início do primeiro mandato de Ronald Reagan, temos um mundo que tenta, engatinhando, sair da armadilha da irracionalidade.
Foto: Maj. Will Cox/ Georgia Army National Guard. Fonte: fotospublicas.com
O grande problema da política proibicionista das drogas é que é fácil de se engolir e moralmente agradável aos olhos. Drogas, usadas de modo recreativo, são ruins, e não trazem benefícios à saúde. Portanto, devem ser reprimidas. Com essa lógica, os Estados Unidos, em 1920, restringiram a venda, fabricação e transporte de bebida alcoólica. A medida teve grande apoio em seu início, afinal, a lógica foi seguida. Alguns anos depois, a canetada havia criado mafiosos como Al Capone, e mergulhado diversas cidades no crime organizado financiado pelo tráfico. Em, 1933, no mandato de Roosevelt, a lei foi revogada. Não por coincidência, todo o episódio ficou conhecido como o “Nobre Experimento”.
Como em uma exibição de um filme que já vimos, hoje vivemos o mesmo obscurantismo e moralismo com outras substâncias. É no mínimo surpreendente que tenhamos conseguido criar um cenário tão catastrófico com alguns anos de cultura proibicionista e alguma ajuda dos EUA. Nós criamos Pablo Escobar. Nós criamos Fernandinho Beira-Mar. Nós criamos o PCC, o Comando Vermelho. Sem proibição não há (ou quase não há) tráfico, sem tráfico não há financiamento da criminalidade nas comunidades, sem tráfico gastamos menos com guerras já perdidas e mais com saúde e educação. Com a regulamentação ou legalização, arrecadamos mais impostos que se convertem em serviços públicos, temos dados mais exatos sobre o vício causado pelas drogas (podendo assim tratá-lo de forma mais efetiva) e as pesquisas com drogas hoje ilícitas, (em hiato há mais de 30 anos na maior parte do mundo) podem ser retomadas.
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