Observatório Luminar
Luminar é um observatório de mídia voltado para o acompanhamento sistemático da cobertura jornalística sobre políticas públicas. Acesse clicando aqui

Os erros da concentração de renda no Brasil

No início de 2018, as políticas públicas parecem voltar às vistas dos governantes. O próprio governo atual afirmou que os planos para o Bolsa Família, que garante o direito básico a um lugar para morar, sofrerão um aumento acima da inflação. | Foto: Fatos Desconhecidos

 

Os números da concentração de renda no Brasil parecem um erro de matemática. Em um país que ocupa a 65ª posição no Programa Internacional de Avaliação ao Aluno (PISA) nessa matéria, segundo dados de 2015, não seria impossível acreditar nessa possibilidade, principalmente quando se considera que foram avaliados 70 países.

 

Mas a conta, infelizmente, está certa. Ela é confirmada todos os dias pelos 52,2 milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza, segundo dados de 2016 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com menos de U$$5,50 por dia, de acordo com os novos critérios adotados pelo Banco Mundial.  O erro não está nos sinais de adição ou de subtração, está na divisão de renda do Brasil.

 

No ano de 2016, 1% dos brasileiros ricos detinha a mesma quantia que 55% da população mais pobre, segundo dados divulgados pelo IBGE. O seleto grupo dos mais ricos era composto por 889 mil pessoas, que tinham a mesma renda que 44,4 milhões de brasileiros juntos. Essa situação nomeia-se como concentração de renda.

 

A nível internacional, segundo o Relatório Mundial da Desigualdade, produzido por mais de 100 pesquisadores da Escola de Economia de Paris, o Brasil só não possui mais concentração de renda que os países do Oriente Médio, empatando com a Índia, no bloco dos países emergentes. O estudo foi coordenado por Thomas Piketty, autor de “O Capital no Século 21”.

 

A distribuição também é desigual a nível regional: ainda segundo o IBGE, a renda das pessoas que moram no Sudeste era 82% maior que a das residentes da região Nordeste. Com o Produto Interno Bruto (PIB) a situação também não é diferente. Sete municípios concentravam um quarto da economia brasileira, sendo eles São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Manaus e Porto Alegre. Já o menor PIB per capita de 2015 pertence a Novo Triunfo, na Bahia.

 

A desigualdade também chega nas ruas. Uma projeção do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), com base em dados de 2015, mostrou que há aproximadamente 100 mil pessoas em situação de rua. Dessas, somente 47,1% está incorporada ao Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), responsável por reunir informações que são utilizadas pelo Governo Federal, pelos Estados e municípios na promoção de políticas públicas.

 

Mas, assim como a informação não abrange todos, as políticas públicas também não. A realidade dessas políticas públicas no Brasil é prejudicial, pois, ou são inexistentes, ou são ineficientes, ou sofrem com cortes de verbas.

 

No início de 2018, as políticas públicas parecem voltar às vistas dos governantes. O próprio governo atual afirmou que os planos para o Bolsa Família, que garante o direito básico a um lugar para morar, sofrerão um aumento acima da inflação. Apesar de negada pelo governo a relação com as eleições, as políticas públicas parecem continuar existindo somente em ano eleitoral. Durante o resto, parecem existir somente como erros de matemática.

 

Agência Conexões
agenciaconexoes@gmail.com
No Comments

Post A Comment