19 jul Os Jogos Olímpicos e a segurança para inglês ver
Faltam menos de 20 dias para que o Rio de Janeiro dê a largada para as Olimpíadas de 2016 e o que mais se comenta nos meios de comunicação é o esquema de segurança que tem sido planejado para a realização do evento. De fato, as autoridades brasileiras não estão medindo esforços para que não haja incidentes durante os jogos. Segundo o Portal Brasil, o Governo destinou cerca de 350 milhões de reais para o Ministério da Justiça e da Defesa realizarem a segurança. O preparo inclui a aquisição de equipamentos de proteção, treinamentos antiterrorismo, capacitação de profissionais, monitoramento digital para impedir crimes virtuais, entre outras ações. Ao todo serão 47.000 policiais e 38.000 membros das Forças Armadas. As Olimpíadas deste ano, portanto, podem se tornar o evento com a maior operação de segurança que já existiu no planeta.
Mesmo com as gigantescas estratégias de proteção nacional, os recentes acontecimentos terroristas, como o atentado na boate LGBT dos Estados Unidos e o último massacre no litoral da França, fizeram com que o governo brasileiro trabalhe ainda mais na ampliação e melhoria de detectores de metais e do controle de barreiras nos aeroportos, além das forças policiais intensificarem os treinamentos táticos. Em entrevista à Rádio Nacional de Brasília, o ministro da Defesa Raul Jungmann disse que durante os Jogos Olímpicos o número de policias em ação será sete vezes maior do que se tem em um dia normal do Rio de Janeiro, fora o reforço das Forças Armadas.
As forças policiais têm feito constantes treinamentos para aperfeiçoar a segurança durante os Jogos no Rio. (Foto: Divulgação/SuperVia Rio de Janeiro).
Tudo parece estar perfeitamente organizado e calculado para que o evento ocorra com tranquilidade e os milhares de turistas presentes fiquem devidamente seguros, protegidos e levem uma bonita imagem do Brasil. Mas ao que tudo indica e como bem disse Jungmann, a segurança pública que está sendo arquitetada não acontece em “dias normais” e para as “pessoas normais” que moram no Rio de Janeiro. Prova disso foi o recente assalto que aconteceu em Estácio, bairro do centro carioca, que resultou na morte a facadas de Christiane de Souza Andrade na frente da filha. O crime comoveu o país após um jornal circular o vídeo da menina de 7 anos tentando salvar a mãe. Apesar da divulgação do material ser uma escolha editorial duvidosa e cruel, faz com que se pense nos e episódios semelhantes a esse que ocorrem diariamente com outras tantas mães, pais, crianças e adolescentes dos subúrbios e favelas do Rio de Janeiro e outras cidades brasileiras e que não são noticiados. Afinal, a segurança dos estrangeiros vale mais do que a da população?
Outro ponto preocupante de toda a situação é que o nível de segurança nas periferias do Rio deve diminuir drasticamente nas três semanas do evento, já que a maior parte dos policiais estará em pontos específicos da cidade que têm relação com os Jogos. Mais uma vez quem perde são os moradores. Agora, além de não terem acesso às competições olímpicas em razão do preço exorbitante dos ingressos, os mais pobres também terão (ainda) menos acesso aos serviços de segurança.
Obviamente é essencial que se pense em estratégias referentes à proteção dos indivíduos para um acontecimento como as Olímpiadas. Entretanto, é urgente que mesmo frente à crise política atual, o país planeje táticas de segurança pública a longo prazo tão boas quanto as que estão sendo projetadas agora. Reformas estruturais nas instituições policiais e políticas que invistam em inteligência, investigação e preparo policial ao invés da repressão mal articulada seriam algumas sugestões viáveis e mais humanizadas. Além disso, é importante perceber a maquiagem que está sendo passada na anfitriã carioca do maior espetáculo esportivo do mundo para que o público não confunda ficção com realidade, pois são grandes as chances de todo esquema megalomaníaco de segurança se apagar no encerramento da competição juntamente com a pira olímpica.
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