
01 jun Para que Serve a Bolsa Permanência?
O Programa de Bolsa Permanência (PBP) é um auxílio financeiro concedido pelo Governo Federal que tem como objetivo viabilizar a permanência de estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica em universidades federais. O valor é de R$ 400, pago diretamente para os estudantes. Mas nem todos têm acesso ao programa. Além de ter que possuir renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio, os alunos devem estar em cursos de graduação que possuem carga horária igual ou superior a cinco horas diárias. Indígenas e quilombolas são priorizados pelo programa, independentemente do número de horas dos cursos que estão matriculados.
Hoje, porém, não é mais possível ter acesso à bolsa, pois o Ministério da Educação (MEC) suspendeu novas inscrições. No dia 11 de maio o secretário de Educação Superior, Jesualdo Pereira, assinou um ofício enviado a todas as instituições federais, comunicando a suspensão de novas bolsas do PBP. Segundo ele, a medida foi tomada devido ao grande crescimento do número de beneficiários. As bolsas em vigor serão mantidas, assim como o benefício para indígenas e quilombolas.
Matheus César Vieira Barros é aluno da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e um dos que recebe o auxílio do Programa de Bolsas Permanência. Com apenas 19 anos, o garoto já está no quinto período de medicina. Algo raro de se encontrar, já que o curso é o mais concorrido em diversas universidades do país, inclusive na UFU. Ele cursava o ensino médio na Escola Estadual Segismundo Pereira e conseguiu entrar direto na faculdade. Matheus fez cursinho durante os dois últimos anos do Ensino Médio por causa do Programa de Ação Afirmativa de Ingresso no Ensino Superior (PAAES), no qual passou em primeiro lugar para o curso de medicina. O estudante também conseguiu o ingresso na universidade pelo Sisu por meio do Enem.
Matheus recebe a bolsa permanência desde o final do
primeiro período do curso. (Foto: Arquivo pessoal)
Rotina e importância da bolsa
Aulas teóricas, práticas laboratoriais, estágios em hospitais e unidades de saúde da cidade, Ligas Acadêmicas, entre outras atividades. Isso é um pouco do que Matheus faz e participa durante a semana na universidade, na qual ele fica praticamente o dia todo. “Minha rotina se resume a aulas todos os dias a partir das 8h (às vezes a partir das 10h), até 11h30 com intervalo até 13h10. Depois tenho aulas até 17h40 ou 18h30. Fico na Universidade até cerca de 22h por preferir como local de estudo. Almoço e às vezes também janto na UFU”, explica o estudante.
Para ele, a bolsa permanência demorou um pouco para ser concedida. Mas, quando começou a receber, conseguiu o valor de todos os meses desde que apresentou a documentação na Divisão de Assistência ao Estudante (Diase). Isso mudou muita coisa em sua rotina acadêmica, pois possibilitou a compra de alguns materiais específicos do curso de medicina. Matheus relata que sem a bolsa seria muito difícil permanecer no curso. “A rotina corrida dificulta em alguns momentos. É extremamente difícil trabalhar em algum horário. A bolsa permanência possibilita o sonho de cursar medicina quando a situação financeira é mais frágil”.
Suspensão do auxílio
Para Matheus, o fim do Programa é um “retrocesso no caminho de oportunidades para alunos menos favorecidos economicamente”. Ele entende que o país está passando por uma situação difícil e que isso acaba dificultando a distribuição de bolsas para novos ingressantes. Mas para ele, “outras áreas poderiam ter passado por uma fase de redução de gastos e economia, preservando a assistência estudantil”.
No Comments