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Pesquisa sobre anticorpos para COVID-19 em recém-nascidos visa monitorar o neurodesenvolvimento das crianças

A pesquisa que identifica a presença de anticorpos em crianças recém-nascidas que está sendo desenvolvida em Uberlândia e teve repercussão nacional é resultado de uma parceria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. Professores, profissionais e estudantes de áreas da saúde, preocupados com as possíveis repercussões do contato intrauterino do Sars COV 2 para crianças, organizaram o estudo que tem como objetivo a testagem de 4 mil mães, até agora contando com 506 mães e bebês testados, tendo 68 deles indicado a presença dos anticorpos.

A cidade de Uberlândia foi incluída na pesquisa não só por conta da alta incidência de casos de COVID-19, mas também por conta da gestão do município em políticas públicas, que oferecem uma rede de apoio para intervenção precoce e para a reabilitação dessas crianças, caso elas apresentem algum atraso no seu neurodesenvolvimento. Além de Uberlândia, também foram selecionadas as cidades de Itabirito, Contagem, Ipatinga e Nova Lima. Essa rede se dá devido à ação do estado e ao projeto Cuida de Minas, que, em 2020, lançou uma cartilha de monitoramento de crianças nascidas de mães infectadas pelo Sars COV 2 durante a gestação, no âmbito do Sistema Único de Saúde de Minas Gerais.

Para a professora da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia (FAEFI/UFU) Vivian Azevedo – que também faz parte do grupo de pesquisadores na investigação de anticorpos –, a pesquisa traz respostas principalmente no que diz respeito ao tempo da vacinação e quando essas crianças serão imunizadas. Apesar de os estudos não terem sido concluídos ainda, as expectativas são altas, já que o número de crianças hospitalizadas por COVID-19 vem crescendo por todo o país: de acordo com a Folha de São Paulo, desde março foram internados mais de 30 mil pacientes de até 14 anos. Somado a isso, a pesquisa também pode trazer respostas sobre a vacina para gestantes, já que ainda não há um consenso da ciência quanto aos efeitos da vacinação neste grupo.

Vivian aponta que, apesar desses anticorpos serem considerados um avanço para a ciência – já que eles podem neutralizar o vírus e trazer certa proteção para o bebê –, ainda não se sabe se sua presença traz de fato imunidade à criança ou até quando ela estaria imune contra a COVID-19. Outra preocupação da professora é quanto a diferença entre o bebê receber o anticorpo através da infecção que a mãe sofreu com o vírus ou através da imunização da mãe. Quando a gestante é infectada, a criança acaba tendo um contato intrauterino, isto é, dentro do útero, com o vírus, mas os pesquisadores não sabem ainda se isso pode trazer repercussões ruins para o bebê. Já a mãe que foi vacinada transmite esse anticorpo, mas não coloca o bebê em contato com o vírus, só passa a proteção. Segundo Vivian, o grupo ainda vai desenvolver pesquisas quanto a essa diferenciação, mas, até agora, a melhor opção ainda é a vacina.

Anna Júlia Lopes
annajulialrodrigues@gmail.com
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