Observatório Luminar
Luminar é um observatório de mídia voltado para o acompanhamento sistemático da cobertura jornalística sobre políticas públicas. Acesse clicando aqui

PMDB: caminho incerto para as políticas públicas

Vice-presidente Michel Temer pode assumir o cargo de presidente ainda esse ano. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

EDITORIAL – Em uma sessão histórica no dia 17, num domingo, com a ausência de apenas dois deputados, a câmara aprovou o prosseguimento do processo de impeachment da presidente Dilma para o senado por 367 a 137 votos. O clima de certeza de um impedimento já podia ser sentido no dia seguinte à votação. Entre os articulistas nos principais jornais, havia quem já arriscava nomes que poderiam compor a esplanada dos ministérios em um governo Temer. No entanto, não há grandes certezas com relação aos rumos de um governo do PMDB, principalmente em um cenário político e econômico tão conturbado como o Brasil de hoje.

 

O programa “Uma Ponte para o Futuro” foi lançado pelo PMDB no ano passado visando caminhos para sanar a crise econômica. De acordo com o  documento, nos pontos fundamentais, o partido já sinaliza que busca uma reformulação das políticas públicas. Segundo o texto, é preciso “estabelecer uma agenda de transparência”, identificar melhor os beneficiários e analisar mais a fundo o impacto dos programas. Ainda de acordo com a proposta, “o Brasil gasta muito com políticas públicas com resultados piores do que a maioria dos países relevantes”. Frente a afirmações da presidente Dilma, que acusou seus opositores de buscarem acabar com programas como o Bolsa Família, o vice-presidente sinalizou que tornará a área social prioridade. A Fundação Ulysses Guimarães, que idealizou “Uma Ponte para o Futuro”, prepara outro documento para mostrar as perspectivas de um governo Temer para as políticas públicas sociais. Temer, inclusive, flerta com a ideia do economista Ricardo Paes de Barros, um dos responsáveis pela criação do Bolsa Família, compondo um futuro governo.

 

Muito se fala das políticas públicas de assistência e focalizadas. O Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida, por exemplo, são programas que mudaram e mudam a vida de famílias que se encontram na faixa da pobreza. São vitrines que o governo federal mostra desde o mandato de Lula e um PMDB no poder buscará beber da mesma fonte de capital político. Ao mesmo tempo, na base de Temer, se localizam setores empresariais que já não acreditam no Estado como inteiramente responsável por serviços universais, como a saúde e a educação pública.

 

Em um eventual governo Temer, pelas perspectivas PMDBistas, não é difícil presumir que os programas sociais e políticas públicas passarão por um pente fino da equipe econômica de Michel. Conciliar uma reforma e “simplificação” fiscal, como almejado na proposta no documento, à manutenção e expansão de políticas públicas, será um exercício complexo de gestão.Sendo assim, resta saber se Temer estenderá sua preocupação aos setores de responsabilidade pública que são alvo de maior controvérsia, dependem de maior orçamento, e  que representam a vitrine  menos bonita, como o SUS e a educação.

 

Agência Conexões
agenciaconexoes@gmail.com
No Comments

Post A Comment