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Políticas de acesso ao ensino superior: mais que um diploma ao final, desafios pelo caminho

Com a palavra, quem vivencia de perto o ProUni.

Trezentos e seis mil setecentos e vinte e seis foram o número de novas bolsas do Programa universidade para todos – ProUni, no ano de 2014. Douglas Alves, de 24 anos, cursa design gráfico e é bolsista do programa. Para ele, a politica pública criada pelo governo é democrática, pois no passado apenas homens brancos de classe média alta tinha acesso ao ensino superior.

O estudante é beneficiário do programa desde o segundo semestre de 2015. No começo, Douglas afirma ter encontrado dificuldades, procurou o coordenador do ProUni na instituição, porém não o encontrou. “Quando eu comecei a estudar fui à secretária e percebi que a universidade não tinha preparo nenhum”, declarou o aluno.

Para bolsistas de cursos integrais, 4% do total, o Governo fornece um auxílio ao estudante, conhecido como bolsa permanência. Por estudar no turno matutino Douglas não é contemplado com o dinheiro e precisa de conciliar os estudos com um serviço para se manter financeiramente. O tempo para se dedicar aos estudos fora da sala de aula é escasso.

Desde 2006 o número de inscritos no processo seletivo no primeiro semestre foi superior a 400 mil. Os aprovados que realizarem a matrícula precisam de 75% de aprovação nas disciplinas. Douglas afirma que no primeiro semestre do curso não encontrou dificuldades para chegar nesse número, mas se caso nos próximos períodos essa realidade for distinta a universidade não irá auxiliar, “a faculdade não ajuda o aluno a manter a bolsa”, disse o aluno.

Apesar das críticas sofridas pelo ProUni como o recorrente despreparo e ausência de suporte por parte da instituição e dos cortes de gastos governamentais, Cristina Célia, mãe de Douglas declara que não teria condições de pagar os estudos do filho. Para ela, se na sua época tivesse programas como esse a realidade seria diferente, “se eu tivesse uma estabilidade maior, poderia tá pagando uma faculdade para ele e o Douglas não precisaria tá trabalhando e estudando”, afirma Cristina.

Desta forma, a exemplo da família Alves, milhares de outras famílias, incluindo de regiões afastas dos centros urbanos, veem seus primeiros graduados, o que não significa apenas a conquista de uma folha de papel, mas o empoderamento pelo conhecimento e a consolidação da criticidade política e social.

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