
20 maio Por que essa gente toda lá?
Por: Genivan Júnior e Monallysa Leite
No dia 30 de abril, o Ministério da Educação (MEC) anunciou bloqueio de 30% de verbas das instituições de ensino federais, podendo impedir o fechamento do ano acadêmico de dezenas delas. Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, o ministro da educação, Abraham Weintraub, afirmou que o corte de recursos afetaria instituições com desempenho acadêmico fora do esperado e estivessem promovendo “balbúrdia”.
Ensino, pesquisa e extensão também serão afetados, o que coloca em risco a ciência e educação superior de qualidade no Brasil, já que a universidade pública é responsável por mais de 95% da produção científica no Brasil, e está “prestes a morrer”.
Com o objetivo de defender a educação pública, milhares de jovens foram às ruas de Uberlândia na última semana. As instituições organizadoras estimaram 20 mil manifestantes, e a Polícia Militar (PM), em 5 mil pessoas.
A concentração do grupo foi na Praça Ismene Mendes (Antiga Tubal Vilela) e, antes de sair às ruas centrais da cidade, o grupo se reuniu e transformou a praça em uma gigantesca sala de estudos, organizados em fileiras circulares de cadeira. Eles permaneceram nos seus lugares, em silêncio, lendo durante 15 minutos.

Foto: Sarah Augusto Aguiar.
Enquanto estava viajando, em Dallas, nos Estados Unidos, Bolsonaro chamou os manifestantes que protestavam contra o corte de verbas e a reforma da previdência de “idiotas úteis e massa de manobra”.
Assim como seu ministro, Bolsonaro mostra não entender a gravidade e consequências dessa medida para as universidades públicas. Como várias pessoas, dentre elas: professores, técnicos-administrativos, universitários, secundaristas e membros da sociedade civil que defendem a educação, podem ser chamados de idiotas úteis por estarem lutando por seus direitos?
Os “idiotas úteis” carregaram consigo livros: a “arma” da educação. Educação esta que é um direito de todos os cidadãos brasileiros e que, infelizmente, são poucos os que têm, e menos ainda, os que conseguem seguir estudando, após o término do ensino médio.

Crianças, idosos e até bebês! Por que toda essa gente lá? É que quando mexe com a educação, a coisa realmente vai ficando séria. Isso não afeta só aqueles que estão na sala de aula, mas também àqueles que serão o futuro do Brasil. Impacta a pesquisa e extensão, que também marcam a universidade pública e serão atingidas pelos cortes. O Hospital das Clínicas (HC-UFU) em Uberlândia atende milhares de pessoas de todo o Triângulo Mineiro.
A universidade pública pode parecer distante para quem não está inserido nela, mas um de seus papéis é de devolver à sociedade o que são investidos nela através de impostos. Na vizinha, Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) em Uberaba, por exemplo, uma pesquisa por remédio para leishmaniose foi interrompida devido à falta de verba na universidade.


Fotos: Luísa Cardoso.
Por hora, um grande número de pessoas se levanta para lutar e gritar em uma só voz, porque se sentem na obrigação de fazer o que o presidente não está fazendo. Enquanto ele fica twittando como uma criança que acabou de ganhar seu brinquedo novo e está aprendendo a usar. Os brasileiros estão lembrando do passado, enquanto enxergam o presente e pensam sobre seu futuro. Embora a educação brasileira não esteja em seu melhor momento, ela é a base e o pilar de uma sociedade mais justa e igualitária, que pode levar pessoas à lugares até então inimagináveis.


Fotos: Jhyenne Gomes e Tuila Tachikawa.
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