
15 jul Prazer, eu sou a Extensão Universitária, e torno sua vida melhor todos os dias
Responda rápido: alguma vez você já precisou de um advogado e ficou pensando em como faria para pagar seus honorários? Ou precisou de atendimento médico, seja emergencial, rotineiro ou altamente especializado? E os museus da cidade, você conhece? Já levou seus filhos para visitá-los e aprender com eles? Você é fã de alimentação saudável e só compra alimentos em feiras agroecológicas? E seus pais ou avós idosos, fazem alguma atividade física e cultural? Não seria ótimo se pudessem fazer?
Mas, afinal, o que situações aparentemente tão diferentes têm em comum? Todas elas (e muitas outras) são atividades de extensão universitárias oferecidas pela Universidade Federal de Uberlândia. Extensão, como o próprio nome diz, é a ação de estender, ampliar. No caso das universidades brasileiras, especialmente as públicas, que são estruturadas com base no tripé ensino-pesquisa-extensão, esse tipo de ação é obrigatória, pois ela faz parte da formação do profissional e da responsabilidade social das instituições de ensino superior.
O estudante universitário e professor voluntário do projeto de extensão “Linguafro”, Lucas Fabiano Oliveira Costa, conta que a ação é muito importante para a democratização do acesso à língua estrangeira. “Eu acho que o Linguafro é oportunidade única, tanto para professores em formação, como eu, quanto para nossos alunos, que são a população negra, parda e indígena”, tanto da comunidade UFU, quanto externa à universidade, explica ele. De acordo com Costa, o projeto é fundamental para oferecer “um acesso mais democrático ao ensino de línguas estrangeiras”.
O Ministério da Educação define extensão como “processo interdisciplinar, político educacional, cultural, científico, tecnológico, que promove a interação transformadora entre as instituições de ensino superior e os outros setores da sociedade, por meio da produção e da aplicação do conhecimento, em articulação permanente com o ensino e a pesquisa.” Os currículos de graduação nessas instituições devem ter, no mínimo, 10% de sua carga horária voltados à extensão.
“Eu não fico mais em casa, antes eu saía só para trabalhar. Acho maravilhoso, aqui a gente tem o ‘mexa-se’ no [campus] Santa Mônica, tem o alongamento, dança circular, é muito bom. As aulas foram maravilhosas e agora eu tô na horta e estou amando de paixão”, conta a enfermeira aposentada Aldeir Lopes Rabelo, que participa do projeto “Universidade Amiga do Idoso”, a Unai. Nesse projeto, idosos são assistidos em diversas atividades que colaboram para a melhoria da qualidade de vida dos beneficiários.
O Pró-Reitor de Extensão e Cultura da UFU, professor Hélder Silveira, explica que a extensão articula a formação do estudante com os diferentes espaços sociais nos quais ele está inserido. É como uma via de mão dupla: o estudante aprende na prática, desenvolvendo ações junto à comunidade, e a sociedade recebe um pouco do retorno do investimento que faz na formação desse estudante.
“Eu gosto bastante, principalmente como futura historiadora. Estou entrando em contato com fontes, posso conhecer a revista O Cruzeiro, o jornal Pasquim e ver, por exemplo, como eles tratavam determinados assuntos na época. Além de acrescentar muito para o meu futuro profissional, é uma coisa muito prazerosa porque é um ambiente bacana, principalmente para quem gosta de fazer pesquisa, para quem gosta de ler, quem gosta de cultura”, conta a estagiária do Centro de Documentação História da UFU (Cdhis), Geovana Guimarães, que cursa História na UFU.
As ações de Extensão da UFU também estão ameaçadas pelo bloqueio orçamentário anunciado pelo Ministério da Educação no dia 30 de abril. Segundo o pró-reitor, “uma retração orçamentária afeta diretamente o recurso discricionário, e a extensão, nesta e em todas as universidades brasileiras, tem funcionado fortemente com os recursos discricionários”.
Silveira explica que há recursos para manutenção dos projetos já em execução até o final de 2019, porém sinaliza que esses mesmos projetos não poderão executar novas ações além das já previstas no seu planejamento e nem haverá aporte para novos projetos. “A perspectiva, se não tiver nenhum retorno, é que a gente não execute novas ações, novos editais para 2020”, lamenta o pró-reitor.
Ao longo das próximas duas semanas a Conexões apresenta a você a série especial “A UFU no cotidiano de Uberlândia”, que vai mostrar diariamente diversos projetos de extensão desenvolvidos pela Universidade Federal de Uberlândia e como eles afetam na melhoria das condições de vida da comunidade. Como uma agência de notícias sobre políticas públicas no município de Uberlândia, acreditamos ser nossa responsabilidade mostrar como sua principal instituição de ensino superior se articula com a sociedade e como a redução de financiamento dessas atividades pode trazer prejuízos para muitas pessoas além da comunidade universitária.

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