18 set Preservar as cotas para reduzir a desigualdade
Por: Caroline Soares
Na última semana cinco estudantes da Universidade Federal de Uberlândia foram desligados por fraudar cotas raciais. A UFU oferta 50% das suas vagas para estudantes de escola pública, de acordo com a lei 12.711/2012, distribuindo-as entre alunos de baixa renda, negros, pardos, indígenas e deficientes. Após o recebimento de denúncias de fraude, em 2018, foi implantada uma comissão de avaliação para tentar impedir que ocorram novamente.
O sistema de cotas é uma política pública sancionada em 2012 com a proposta de aumentar a inclusão social e, para esse debate, é importante trazer dados. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), no ano 2000, apenas 2,2% da população negra possuía um diploma de graduação. Em 2017, cinco anos após a implantação da política de cotas, esse número subiu para 9,7%. É importante ressaltar que, em pesquisa feita pelo IBGE em 2014, 53,6% da população se autodeclarou preta ou parda, representando mais da metade da população brasileira. Se representa maioria, por que é a minoria dentro da universidade?
O debate sobre raça, cor e lugar de fala não era algo comum em 2010, porém ganhou maior visibilidade atualmente com o crescimento das mídias digitais. Essa mudança recente não exclui o fato de que pessoas negras sempre existiram e que, infelizmente, sofrem com as marcas da colonização, e a principal delas é a desigualdade. Isso também se reflete dentro das instituições de ensino. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), a média de anos de estudo para pessoas negras e pardas acima de 15 anos é de oito a nove anos, enquanto para brancos, dez.
A ideia principal da política de cotas é a inclusão social, porém pelos dados apresentados é perceptível que esta inclusão caminha em curtos e lentos passos. Em 2015, o IBGE demonstrou que entre pessoas de 18 a 24 anos, apenas 12,5% são estudantes de instituições de ensino superior e que fica bem mais difícil a ocupação das vagas de trabalho por pessoas que não tenham essa escolaridade. A autodeclaração implica em um empecilho maior para aqueles que querem ingressar na universidade e dependem das cotas para isso. A implementação da comissão na Ufu foi algo necessário para que a inclusão ocorra de uma forma justa e, assim, fazer com que as oportunidades para a comunidade negra aumente. As cotas são necessárias para quebrar o estigma da desigualdade que perpassa o país por séculos e impede o crescimento igualitário aos negros.
No Comments