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Pressão alta também no bolso

Logo no começo da entrevista, ao perguntar questões básicas como nome e idade, Rosilene Rosa já declarou que não gosta de ser chamada de “dona”. “Nem na escola que eu trabalho me chamam de dona, então pode ser Rosa”. Com 43 anos, ela é auxiliar de educação básica há oito anos, e há nove, após o nascimento do último filho, descobriu que era hipertensa. “Meu filho caçula nasceu e com ele veio esse problema de pressão alta”, declarou.

 

Enquanto arrumava a casa, Rosa conversava comigo: “não repara a bagunça, eu acabei de mudar e ainda tô ajeitando as coisas”. Mal sabe ela que bagunça está nosso governo, com cortes e extinção de programas. O da Farmácia Popular, este usado por Rosa, é um dos que corre risco; segundo o Ministério da Saúde haverá recurso para ele somente até agosto. A política pública em questão visa à distribuição gratuitamente mediante a receita médica de medicamentos, sendo eles de hipertensão, diabetes, dentre outros.

 

Com o possível corte, Rosa acredita que será prejudicada. “Pego remédio na farmacinha, apesar da burocracia. Eu uso Losartana e Hidroclorotiazida, com o corte vai ser bem complicado, porque eu preciso dos medicamentos”. Questionei quais burocracias são essas e ela citou e apontou alguns problemas: “é preciso receita atualizada em trinta dias e não tenho como ir ao médico todo mês, no postinho preciso ficar na fila e sempre demora”.

“Tomo ao todo três comprimidos por dia”, afirma Rosilene Rosa. (Foto: Pixabay)

 

 

A solução que Rosa encontra para esses empecilhos é comprar os medicamentos por conta própria em farmácias convencionais. “Eu gasto em média 40 reais por mês, pode parecer pouco, mas acaba fazendo falta”. Para ela deveria ter menos burocracia e uma ampliação no número de remédios. “Infelizmente essa é minha realidade e da minha família, minha mãe sofre do mesmo problema, até meu filho de 22 anos tem pressão alta”.

 

A breve entrevista chega ao fim e um bom cheiro vem acompanhado, cheiro igual ao sobrenome da entrevistada, este que ela adota como seu próprio nome. Encerro as perguntas e Rosa fala uma última frase que soa uma mistura de afirmação com um questionamento: “o governo não parece tá interessado em melhorar isso, né?!”, com o levantar da sobrancelha concordo com ela.

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