
07 abr Professores em greve reivindicam pagamento do piso nacional em MG
Uberlândia é um dos palcos, desde o início do ano letivo de 2018, de paralisações e greves que ocorrem por todo o estado de Minas Gerais na área da educação. A principal reivindicação é o pagamento do piso salarial nacional da categoria, que hoje é de R$ 2.455,35. 60% das escolas estaduais do município aderiram de alguma forma ou apoiam o movimento e 30% entraram em greve. Cid Carlos, professor de história e integrante do comando de greve do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE) conversou com a conexões sobre as paralisações.
Conexões: Qual a pauta de reivindicações do movimento grevista?
Cid Carlos: A nossa reivindicação tem como principal foco o piso salarial da educação, que foi acordado com o governador Fernando Pimentel durante sua campanha eleitoral. Nesse acordo, ele deveria pagar o piso até 2018. Em 2016, ele deu um aumento de 11,36% para a categoria, contudo não pagou esse valor desde o começo do respectivo ano. O primeiro pagamento foi em abril de 2016, portanto, ele deve a nós, trabalhadores da educação, 34,08% referente aos meses em atraso. Nos anos seguintes, o aumento foi de 7,64% em 2017 e 6,81% em 2018, todavia esses reajustes não foram pagos.
Então a nossa luta é para que ele pague o piso nacional da educação acordado anteriormente e o valor que está em haver, esse é ponto principal da greve. Além disso, existem outras pautas, como por exemplo, a regularização do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (IPSEMG), porque os nossos atendimentos não estão normais. Quando precisamos dos serviços de saúde, argumentam que o governo não tem repassado os recursos e que não vão nos atender. Outro problema é o cartão farmácia que também não pode ser utilizado, pois não está havendo repasse para os donos das drogarias. Contudo, continua sendo cobrado no pagamento do servidor, assim também como é descontado os 3,2% do IPSEMG.
Conexões: Quais as dificuldades encontradas para conseguir esse acordo?
Cid Carlos: O que o governo tem colocado como obstáculo é a Lei de Responsabilidade Fiscal que o governo diz que está no limite. Então ele coloca como obstáculo para não dar esse reajuste pra gente, pra não cumprir com o acordo que ele fez. Diz que não tem dinheiro, que a LRF barra o cumprimento do acordo
Conexões: Como Uberlândia colabora para o movimento de greves estadual?
Cid Carlos: Uberlândia tem um peso importantíssimo, visto que é uma cidade polo e possui grande peso na região. Eu fui semana passada na cidade de Prata e eles se espelham muito nos movimentos que fazemos aqui. Outro fator que colabora para essa importância é que a sub-sede do sindicato é aqui, em Uberlândia. Então, é importante que Uberlândia esteja na greve porque, além de conseguir paralisar as escolas da cidade, serve de incentivo para os demais municípios. Dessa vez não conseguimos paralisar todas, mas nós temos 35% de escolas paralisadas e 60% de escolas atingidas. Quando eu falo atingidas é porque há escolas que têm um turno parado ou que alguns professores paralisaram. Então, dessa forma, a gente consegue influenciar na região.
Conexões: Qual a importância dessa greve para a educação?
Cid Carlos: Com essa greve nós estamos mostrando para o governo que ele precisa olhar para educação, dar respaldo para a categoria, respeitar os trabalhadores e as trabalhadoras da educação. Essa é a importância que essa greve representa para educação.
Conexões: Qual a resposta da sociedade às greves dos professores?
Cid Carlos: A sociedade é bastante dividida, o nosso país não tem a cultura de apoiar greve, mas no geral eu tenho sentido que as pessoas têm, inclusive, contribuído com a gente, compartilhando nosso material nas redes sociais, postando que apoiam a greve dos professores. É óbvio que tem algumas pessoas que são contrárias, isso é comum, mas, no geral, eu tenho sentido que a população tem nos apoiado. Entretanto, acho que nunca vi um grande movimento para apoiar greves relacionadas à educação ou outras greves. Quem apoia a greve em sua grande maioria são os sindicatos e, muitas vezes, a própria categoria tem dificuldade em conseguir apoio de todos os seus. Alguns têm medo de repressões, por exemplo, há professores que são contratados e têm medo de perder o emprego, ou há pessoas que não querem modificar o calendário do ano letivo. Essa dificuldade existe, mas estamos tentando convencer as pessoas a participarem da luta, porque as conquistas são de todos.
Conexões: Um dos motivos para que as redes estaduais de ensino entram em greve é a reforma da previdência. Essa PEC já vem sendo discutida há mais ou menos um ano e ainda não entrou para votação, você acredita que esse processo tem relação com as campanhas eleitorais do próximo semestre?
Cid Carlos: Não. Nessa greve essa PEC não está em pauta, porque no dia 19 de fevereiro, que era o dia de retorno às aulas, houve uma mobilização a nível nacional. Uberlândia também entrou protestando. O governo tinha colocado a Reforma da Previdência para ser votada, mas com um movimento nacional ele retirou e acreditamos que essa pauta já foi vencida, pelo menos esse ano. A reforma não volta pro plenário esse ano, ela pode voltar em um outro momento ou depois da eleição, mas antes das eleições os deputados têm medo, conhecem a pressão popular.
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