25 jul Projetos de extensão da UFU trazem humanização ao Hospital das Clínicas
– Qual é o seu nome?
– Kauã!
– Kauã, quantos anos você tem?
– Eu tenho sete anos.
– Você gosta aqui do ‘Amigos do Coração’?
– Gosto!
– Kauã, se você viesse aqui no hospital e não tivesse esse espaço para brincar, como é que você se sentiria?
– Triste. Muuuuito triste!
Como muitas crianças, Kauã Fidelis vem regularmente ao Ambulatório de Pediatria, no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU). Desta vez, ele veio fazer um exame e, pela primeira vez, conheceu o quiosque do Programa “Amigos do Coração”. Agora, ele tem um espaço enorme para brincar enquanto espera o atendimento médico.
O “Amigos do Coração” é um dos programas de extensão registrados no Sistema de Informação e Extensão da Universidade Federal de Uberlândia (SIEX-UFU). A UFU administra mais de mil projetos de extensão, dos quais 48 são ligados ao HC. Como já explicamos, extensão é o nome dado a toda ação desenvolvida pelas universidades junto à sociedade, levando os conhecimentos desenvolvidos no ensino e na pesquisa para fora dos muros.
O ‘Amigos do Coração’ é um programa muito especial que, só no primeiro quadrimestre de 2019, atendeu 1288 pessoas. O programa conta com um quiosque que comporta cerca de 100 crianças. “No quiosque, temos uma estrutura que atende às crianças e às famílias. Temos banheiros, trocadores, cobertura, brinquedoteca, lan house, café-da-manhã e café-da-tarde”, explica a gerente do Programa, Leda Márcia Borges.
Além do quiosque, existem três projetos vinculados ao “Amigos do Coração”: o “Acalma Coração”, o “Meu Dentinho, Meu Coração” e o “Coração Nutrido”. Todos eles são voltados às crianças cardiopatas e às suas famílias.
O “Acalma Coração” orienta os pais das crianças com cardiopatia depois que elas deixam o centro cirúrgico. O “Meu Dentinho, Meu Coração” previne infecções nos dentes, um problema sério às crianças cardiopatas, que podem falecer. Já o “Coração Nutrido” previne o sobrepeso, orientando cada família a adotar hábitos alimentares saudáveis de acordo com a condição socioeconômica.
Outro projeto, que não é vinculado ao programa “Amigos do Coração”, mas que também atua como carro-chefe no HC, é o “Posso Ajudar?”. Neste projeto, a equipe médica é orientada a acolher o paciente, exercitando a ação de escuta e a ação resolutiva. De janeiro a abril de 2019, foram 624 pessoas atendidas, com 68,5% de aprovação em relação à equipe médica e de enfermagem.
O “Amigos do Coração” e o “Posso Ajudar?” indicam uma nova maneira de ver a saúde. Proposta pelo Ministério da Saúde, a Política Nacional de Humanização existe desde 2003 para efetivar os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) no cotidiano das práticas de atenção e gestão, qualificando a saúde pública no Brasil. O HC-UFU conta com a Gestão de Humanização desde 2007.
Para Juliene Cristine de Oliveira, coordenadora do Núcleo Técnico e Científico de Humanização, a humanização é importante tanto para a equipe médica quanto para os pacientes. “A comunidade externa é melhor acolhida em todas as suas necessidades, enquanto os futuros profissionais ganham uma visão diferenciada de como olhar para as pessoas”, ressalta.
E, falando em futuros profissionais, a estagiária Sandy Borges é estudante do curso de Nutrição da UFU e atua no programa “Amigos do Coração” desde abril deste ano. No HC, ela teve as primeiras experiências na área de humanização. “Foi só aqui que eu foquei em escutar o paciente e ajudá-lo a resolver algum problema”, relata. “É importante ver o paciente como um todo. Não olhar só a doença dele, não só o tratamento dele, mas enxergá-lo como uma pessoa”. A extensão é uma prática obrigatória nos currículos de cursos superiores de instituições públicas.
Cortes
Em maio deste ano, o Governo Federal anunciou um bloqueio orçamentário de R$ 42.854.000,00 dos recursos aprovados na Lei Orçamentária Anual (LOA) para a manutenção e os investimentos da UFU. O bloqueio corresponde a 30% sobre as despesas discricionárias e pode afetar diretamente os projetos de extensão da UFU.
O HC ainda não sofreu nenhuma retração orçamentária, mas também sofre os cortes indiretamente, segundo o Pró-Reitor de Extensão e Cultura da UFU, Helder Eterno da Silveira. Ele explica que, apesar do orçamento do HC ser diferente do orçamento da universidade, “o HC sofre indiretamente por conta dos contratos, da energia, de situações ou de despesas geradas no hospital e arcadas com o orçamento da própria UFU”.
“Os projetos e programas da Gestão de Humanização também sofrem pela diminuição de bolsistas, pela diminuição de recursos, que nós teremos que segurar em função do bloqueio orçamentário”, conclui Helder. Clicando aqui, você tem acesso à entrevista completa.
Esta é uma situação que preocupa, principalmente, aqueles que mais precisam do atendimento médico. Maria Anailda Nunes, mãe da Isabela, é beneficiária do Programa “Amigos do Coração” e deve a ele o tratamento da filha, Andressa. Confira o relato:
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