
15 out Queda na cobertura vacinal é um dos motivos para volta do Sarampo no Brasil
O Sarampo é uma doença contagiosa que aparece com febres e manchas no corpo. A doença é causada por um vírus chamado Morbillivirus e, durante muito tempo, foi uma das principais responsáveis pela mortalidade infantil no Brasil. Em 2016, o Brasil recebeu o certificado de eliminação de circulação do vírus pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS), declarando a região das Américas livre do sarampo. Neste ano de 2019, o Brasil perdeu a certificação, por manter a transmissão do vírus por um período superior a 12 meses. Mas qual o motivo dessa mudança?
Em 1973 foi criado o Programa Nacional de Imunizações (PNI) com os objetivos de organizar, implementar e avaliar as ações de imunizações em todo o país, referência internacional em política pública de saúde. Todas vacinas recomendadas como saúde pública pela Organização Mundial de Saúde (OMS) hoje são oferecidas gratuitamente pelo Sistema único de Saúde (SUS).
Dentro do PNI, em 1992, foi lançado o Plano de Controle e Eliminação do Sarampo e implementada a vigilância epidemiológica da doença em todo o país. Naquele ano a Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo atingiu 48 milhões de crianças entre nove meses e 14 anos, que representaram 96% da população que se pretendia atingir, um êxito jamais obtido antes.
Em 2003, a vacinação contra sarampo foi descontinuada sendo substituída pela tríplice viral, que além do sarampo, combate caxumba e rubéola. O sarampo era uma doença de situação compulsória no Brasil desde 1968. Antes da implementação da vacina a cada 2 ou 3 anos eram registradas epidemias da doença.
Entre a certificação de 2016 e a retirada do status de região livre da doença em 2019, uma série de mudanças podem ser apontadas. Segundo Juarez Cunha, atual presidente da Sociedade de Imunização (SBIm), em entrevista à Conexões, o retorno do sarampo ocorre porque há uma reintrodução de casos, vindos da Europa e, principalmente, devido a imigração de venezuelanos, vindos de um país onde acontece um surto desde 2018. Isto deu início a uma reincidência da doença na região Norte do Brasil, porta de entrada dos refugiados. Contudo, é importante destacar que isso só acontece porque há baixas coberturas vacinais em todo o país. De acordo com Cunha, a cobertura vacinal contra o sarampo caiu muito nos últimos três anos, ficando em torno de 80% no país, bem abaixo dos 95% recomendados pela OMS.
Os últimos casos de surto da doença no país tinham sidos em 2013 e 2014 nos estados de Pernambuco e Ceará (211 casos), em decorrências de casos vindos da Europa. Atualmente, o Brasil enfrenta um grande surto da doença. Em balanço divulgado pelo Ministério da Saúde, até o dia 25 de setembro de 2019, o país tinha 4.507 casos confirmados de sarampo em 19 estados.
Segundo o último Boletim Epidemiológico do Sarampo da Secretaria de Estado da Saúde em Minas Gerais, atualizado em 02/10/2019, desde o início de 2019 foram notificados 1348 casos suspeitos de sarampo provenientes de 206 municípios no estado de Minas Gerais. Destes, 51,5% (694) foram descartados, 46,3% (624) estão sob investigação e 30 casos foram confirmados, sendo nove casos confirmados apenas em Uberlândia. De acordo com a Secretaria, esses “foram confirmados pelo critério clínico-epidemiológico, isto é, apresentaram sinais e sintomas característicos da doença e têm esta história de contato direto com o caso de sarampo confirmado”.
De acordo Rosineide Victor, que é diarista e mãe de quatro filhos (três crianças e um adolescente) é muito importante a vacinação das crianças, para que se evite e previna as doenças. Rosineide disse que ficou preocupada quando assistiu nos jornais a respeito do surto de sarampo no país, mas ela diz estar tranquila, pois todos os filhos estão com a vacinação em dia.
A vacinação é a principal forma de prevenção contra o sarampo. A tríplice viral, protege contra o sarampo, a caxumba e a rubéola. Em Uberlândia, qualquer pessoa pode atualizar o seu cartão de vacinas em uma UBSFs (Unidade Básica de Saúde da Família) das 7h30 às 16h30 ou UAIs (Unidade de Atendimento Integrado), das 8h às 20h.
Confira a vacinação de rotina, disponibilizada pela Secretaria de Estado de Saúde em Minas Gerais:
- 12 meses de idade: a criança deverá receber a primeira dose da vacina tríplice viral
- 15 meses de idade: a criança deverá receber a segunda dose com a vacina tetraviral (contra o sarampo, a rubéola, a caxumba e a catapora/varicela) ou a vacina tríplice viral e a de varicela monovalente.
- De 02 a 29 anos: caso não tenha nenhum registro de dose da vacina tríplice ou tetra viral, deverão receber duas doses com intervalo de no mínimo 30 dias da primeira dose.
- Gestantes com até 29 anos: caso não tenha nenhum registro de dose da vacina tríplice ou tetra viral, deverão receber NO PÓS-PARTO duas doses com intervalo de no mínimo 30 dias da primeira dose.
- De 30 a 49 anos: caso não tenha nenhum registro de dose da vacina tríplice ou tetraviral, deverá receber apenas uma dose.
- Gestantes de 30 a 49 anos: caso não tenha nenhum registro de dose da vacina tríplice ou tetraviral, deverão receber NO PÓS-PARTO uma dose da vacina.
- Profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, dentistas e outros): independente da idade, devem ter duas doses válidas da vacina tríplice viral documentadas.
- Profissionais de transporte (taxistas, motoristas de aplicativos, motoristas de vans e ônibus), profissionais do turismo (funcionários de hotéis, agentes, guias e outros), população privada de liberdade, viajantes e profissionais do sexo: devem manter o cartão de vacinação atualizado conforme os esquemas vacinais de acordo com a faixa etária.
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