
18 fev Quem vai pular o carnaval em 2022?

Foto: Agência Brasil
O Carnaval é uma das celebrações populares mais famosas do mundo e sua imagem foi construída historicamente como conectada ao sentimento brasileiro de união e nação. Entre os meses de fevereiro e março, período em que normalmente acontece a festividade, o país todo dedica suas atividades ao feriado, seja se preparando para celebrar, descansar ou até mesmo trabalhar. Entretanto, após dois anos turbulentos de crise sanitária, política e econômica, surge a pergunta: o que vai ser do carnaval em 2022?
O termo “popular” remete a algo que pertence e é feito pelo povo. O carnaval tem sua origem ligada a necessidade das pessoas de extravasar suas emoções e é um evento no qual todos os cidadãos, em tese, podem comparecer para se divertir, especialmente porque ele acontece no palco das ruas. Além disso, por movimentar o país e atrair uma imensidão de turistas, a festa é aguardada durante todo o ano, não somente por ser um símbolo cultural, mas também pela magnitude de seu impacto na economia brasileira.
Muito antes de qualquer pandemia, era possível distinguir duas maneiras de se celebrar esses dias do ano: nas ruas ou em festas particulares. Embora a atração principal fosse o evento popular, os clubes e outros ambientes privados não deixavam de promover suas próprias festas. Assim, cabia ao povo decidir onde e como comemorar e se pagaria ou não pelo evento.
Em 2021 não houve carnaval devido ao agravamento da pandemia da Covid-19. Já em 2022, em que as medidas de segurança estão mais flexíveis, com bares, boates e festas abertos e mais de 70% da população vacinada, surge a dúvida se haverá ou não a tão aguardada festa. Muitas cidades já decretaram a incapacidade de permitir o carnaval de rua em decorrência dos inúmeros riscos ao liberar a presença de milhares de pessoas em espaços públicos, que podem contribuir ainda mais para o aumento de casos e mortes no país. No entanto, esses mesmos lugares não tomam providência em relação às celebrações privadas e levantam o debate: de quem é o carnaval, se não do povo?
O grande argumento é de que as prefeituras não podem assumir um risco tão grande em promover uma festa sem um controle exato de indivíduos vacinados. Como se os eventos privados não fossem outro potencial risco. Mas por que alguns indivíduos podem se divertir no carnaval e outros não?
Além de uma questão sanitária, o país é assolado por uma crise econômica em que as disparidades entre os indivíduos crescem cada vez mais e, assim, na mesma proporção, os cidadãos deixam de frequentar espaçosa que antes tinham acesso. Se o carnaval é uma festa do povo, não se pode permitir que somente alguns brasileiros participem da festa. Ou todos possuem o direito à diversão e ao lazer e, por coerência, todas as festas são liberadas. Ou, em razão da pandemia, considera-se a outra opção de que todas as celebrações sejam regulamentadas e proibidas.
De qualquer maneira, permitindo ou proibindo as celebrações, deve-se ter em mente que o posicionamento classista que permite a festa de alguns poucos privilegiados não deve figurar na administração pública. O pular carnaval é de todos.
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