01 set SISU de forma integral na UFU? Hoje não.

Com a extinção do Programa de Ação Afirmativa de Ingresso no Ensino Superior, o Paaes, em 2015, a UFU passou a aderir, de forma integral, no primeiro semestre de cada ano, ao Sistema de Seleção Unificada – Sisu. Já no segundo ingresso do ano, a forma de seleção é através do vestibular realizado pela própria instituição. Até então, nada de novo.

Em reunião realizada pelo Conselho de Graduação – Congrad, a adesão total ao Sisu/Enem foi rejeitada, por 24 votos favoráveis, 21 contrários e seis abstenções. Optou-se pela manutenção do vestibular de primeiro semestre na UFU. Uma novidade? Não para mim.

Imagem: Adriano Vizoni/Folhapress

A pró-reitora de graduação, professora Marisa Lomônaco, em uma entrevista ao Comunica afirmou que o aspecto favorável pela adesão total da Universidade ao SISU seria o aumento de repasse do Governo Federal, via Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaees). Essa verba seria, então, usada para assistência estudantil. Em contrapartida a isso, as estatísticas de evasão foram usadas como argumento mais forte em relação aos votos favoráveis à permanência do vestibular tradicional. Entendo essa questão e concordo que é um dos gargalos da universidade. 

Lomônaco nega que teve pressão de escolas e cursinhos para tomar a decisão. É uma hipótese que isso, de fato, não aconteceu. Vamos supor que a adesão ao Sisu/Enem fosse aprovada, quem seria prejudicado? “Mas o vestibular é uma segunda chance”. Sim, uma segunda chance. Porém, para quem?

Não precisa pensar muito para responder as perguntas acima. Os cursinhos particulares perderiam um público considerável, sendo que um dos focos é o vestibular tradicional da UFU e esse mesmo grupo de pessoas que tem aquela considerável segunda chance. E a aquelas pessoas marginalizadas socioeconomicamente da sociedade? O negro? O pobre?

Lembro que uma professora comentou que o público que entra na UFU pelo Sisu/Enem é diferente daquele do vestibular no meio do ano. Para isso se tem uma explicação, o sistema único de seleção é mais justo e democrático, já o outro é mais seletivo. Isso tudo é porque me parece que a palavra democracia foi riscada do vocabulário de alguns, aqueles destros, os mesmos que ficam daquele lado que no trânsito não pode ultrapassar.

Por isso e dentre outras questões vividas no país atualmente, eu só consigo lembrar frase da moça do clipe de “They Don’t Care About Us”, gravado no Brasil, que fala nos primeiros segundos de cena, “Michael, eles não ligam pra gente”.