30 out Tratamentos eficazes contra o câncer são garantidos pelo SUS
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama, com exceção dos tumores de pele não melanoma, é o mais incidente em pessoas do sexo feminino de todas as regiões do Brasil e a taxa de mortalidade em 2019, ajustada pela população mundial foi de 14,23 óbitos/100.000 mulheres.
Apesar disso, de acordo com o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente as chances de cura são de até 95% quando o diagnóstico ocorre no início da doença e os tratamentos estão cada vez mais avançados, como mostra a multimídia publicada pela Conexões.
O mastologista e cirurgião oncológico do Hospital do Câncer de Uberlândia, Juliano Cunha, explica que a escolha dos procedimentos depende de cada situação e que a maioria desses tratamentos são custeados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Hoje nós temos disponíveis no SUS: cirurgias, hormonioterapia, quimioterapia e radioterapia. Mas existem alguns medicamentos mais modernos, de mais alto custo, que ainda não são enquadrados no rol de tratamento do SUS”, explica.
O médico esclarece ainda que, no caso dos pacientes que precisam desses recursos, conhecidos como imunoterapia e bloqueadores, é feita uma análise singular e judicial para verificar a possibilidade de liberação dessas drogas pelo sistema público.
Vanderleia Moura, 50, mineira de Tupaciguara, foi surpreendida pela doença em maio de 2017 e realizou a maior parte do seu tratamento pelo Hospital do Câncer em Uberlândia. “Tocando as minhas mamas percebi um nódulo. Tinha um ano e dois meses que eu havia colocado uma prótese de silicone. Eu estava com a mamografia e ultrassom em dia. Voltei no cirurgião plástico e mostrei para ele, porque achava que era algum probleminha na prótese. Ele me pediu uma biópsia e tive o diagnóstico de um carcinoma de grau 2. Foi um susto que eu jamais imaginaria”, recorda.
Moura explica que seu cirurgião plástico indicou um médico do Centro Oncológico de Triângulo (COT) e que, na ansiedade e emoção do momento, ela optou por pagar a cirurgia de retirada do nódulo. Mas, ao retornar para sua cidade, organizou todos os papéis na secretaria de Saúde e foi encaminhada para o Hospital do Câncer em Uberlândia, onde realizou quatro sessões de quimioterapia a cada 21 dias e 35 de radioterapia todos os dias. Segundo a mineira, ela precisou esperar por um mês para iniciar o tratamento, o que não atrapalhou em nada em seu processo, uma vez que esse era o período necessário para a recuperação de sua cirurgia.
A paciente finalizou parte do seu tratamento em janeiro de 2018, mas ainda precisa fazer uso de um remédio oral, também fornecido pelo SUS, a cada seis meses até completar dez anos de uso. Emocionada e com um sorriso enorme no rosto, compartilha: “O acolhimento do Hospital do Câncer deveria ser usado em todas as unidades de saúde. Eu senti um apoio, uma confiança tão grande, começando do recepcionista, o Grupo Luta Pela Vida com seus voluntários. É um médico, é um enfermeiro nos acolhendo, nos abraçando e dando forças positivas de que é só um momento que logo vai passar”.
Vanda Marçal, 50, também foi diagnosticada com câncer de mama em 2017, e relata o mesmo sentimento de gratidão e positividade durante seu tratamento, que se encerrou em junho de 2018, após 16 quimioterapias e 30 sessões de radioterapia. Assim como Moura, a auxiliar administrativa precisou fazer a cirurgia para a retirada do nódulo. Porém, diferente da amiga, realizou seu procedimento pelo SUS após as sessões de quimio.
O médico Juliano Cunha esclarece que nem todas as pacientes vão precisar passar por todos os tratamentos e que, normalmente, as cirurgias são realizadas primeiro, caso o nódulo seja pequeno, mas que a ordem vai depender do quadro clínico de cada uma.
Apesar de se sentir grata por tudo que venceu, Marçal revelou ter encontrado algumas dificuldades enquanto lutava contra a doença, como o adiamento das sessões de radioterapia que deveriam ser diárias, mas algumas vezes não ocorriam, pois os aparelhos estavam com defeito. A auxiliar também relata que já chegou a esperar quase quatro horas para realizar a radioterapia, procedimento que dura apenas cinco minutos e também teve dificuldades para marcar as consultas de acompanhamento. “Eu tenho amigas que moram em outras cidades, e pegavam ônibus às três da manhã para ir até o hospital, imagina sair de casa esse horário e ainda ter que esperar tanto”, desabafa. “Tem coisas que podem melhorar, é muito acolhedor, é muito bom, mas existem falhas”, avalia.
Mesmo com todos os desafios, as duas pacientes recuperadas compartilham o sentimento de superação. “A gente tem que lutar, porque o câncer mata, mas a ignorância mata muito mais. A gente tem que se tocar, se conhecer. Eu me toquei e me salvou”, aconselha Moura. Marçal também reforça sobre a responsabilidade do autocuidado. “Meu conselho é entregue a Deus e fique firme, mas faça sua parte com os médicos e tenha aceitação, se dedique ao tratamento, faça o que for preciso”, finaliza.
Vale lembrar que o acompanhamento ginecológico regular e o exame de mamografia para mulheres acima de 40 anos são essenciais para a garantia do bem-estar das mulheres porque, caso aconteça o diagnóstico precoce, os tratamentos são mais eficazes. “Todos os tratamentos são passíveis de atingirmos o objetivo que é a cura, cada um com sua intensidade e sua individualidade. Existem quadros em que o câncer está muito avançado e metastático e não podemos curar, mas é possível estabilizar e reduzir a doença. Então, é possível conseguirmos os melhores resultados para cada caso”, esclarece o oncologista.
Para finalizar, o médico alerta: “Hoje temos elevadíssimas taxas de cura e tratamentos muito menos agressivos. Se você ainda não fez a mamografia ou percebeu alguma alteração na mama e ficou quietinha em casa, mude sua postura, assuma o protagonismo da sua vida, vá procurar um atendimento médico o mais rápido possível.”
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