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Um futuro de desigualdades

A desigualdade social tem ainda mais vez quando, não podendo abrir mão da “ajudinha” que a criança oferece, famílias optam pelo trabalho em detrimento da educação e do lazer de seus filhos. | Foto: Greenamerica.org

 

Muitos dizem que o Brasil não “vai para frente” por este ou aquele motivo. Entretanto, o que muitas vezes não se leva em conta é o fato de que uma das raízes para tal quadro de mazelas sociais, desigualdade e pobreza, está na infância.  Um dos grandes problemas que afetam crianças e adolescentes é o trabalho infantil.

 

De acordo com a Lei 10.967, é proibido qualquer trabalho para menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, que pode ser iniciada a partir dos 14. Apesar da lei vigorar há 17 anos, o número de crianças e adolescentes exploradas em fábricas, semáforos, no campo, dentro de casa, entre outros ambientes, é de quase três milhões, de acordo com pesquisas do IBGE.

Entre os principais motivos estão a necessidade de ajudar na renda familiar, a exploração da mão de obra ­como forma de baratear os custos de produção, além do senso comum que relaciona o trabalho com os valores morais. E entre as consequências estão o baixo rendimento escolar e muitas vezes o abandono dos estudos, danos físicos e mentais, condições informais de trabalho que provavelmente serão para sempre, pobreza, desigualdade social, etc.

Não é incomum afirmações como: “Melhor a criança trabalhando do que fazendo outras coisas na rua”; “Crianças precisam aprender a trabalhar desde cedo para saber o valor das coisas”. Muitos esquecem totalmente, ou talvez nem tenham a percepção, de que a infância e a adolescência são partes importantes da vida e momentos essenciais para a formação da personalidade, criatividade, aptidões e visão de mundo. Momento de estudar, brincar e socializar.

A desigualdade social tem ainda mais vez quando, não podendo abrir mão da “ajudinha” que a criança oferece, famílias optam pelo trabalho em detrimento da educação e do lazer de seus filhos. A desigualdade encontra oportunidade quando a crença de que o trabalho dignifica o homem é também aplicada à infância. A desigualdade é realidade a partir do momento em que a falta de conhecimento e educação prevalecem. A desigualdade social tem vez quando autoridades e cidadãos comuns fazem vista grossa às consequências, para o indivíduo, para a família e para o país, da exploração da mão de obra de crianças e adolescentes.

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