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Violência contra a mulher segue crescendo em Uberlândia

Por Eric Borges, Laura Fontoura e Sophia Assunção

De modo geral no Brasil, com a pandemia da COVID-19, houve um aumento nos casos de violência contra a mulher. Segundo pesquisadores da ONU Mulheres, a justificativa é de que a convivência mais próxima aos agressores, nesse contexto, pode impedir a vítima de se dirigir a delegacias ou locais que prestam socorro, ou até de acessar canais alternativos de denúncias, além disso muitas delas ficaram desempregadas, o que dificulta a independência necessária para se livrar de situações de risco. Em Uberlândia, em 2021, foram registradas mais de 1,4 mil agressões, de acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).

Outro levantamento feito com os dados da Sejusp, revelou que, em 2021, Minas Gerais teve um total de 321 registros de feminicídio, sendo 139 consumados e 182 tentativas. O número é alto, porém menor que o dos anos anteriores. Em 2020 foram 341 registros, sendo 151 consumados e 190 tentados, e, em 2019, foram 372 casos, com 146 consumados e 226 tentativas. 

Já em Uberlândia, a realidade é diferente. O município registrou um aumento nos casos de feminicídio neste mesmo período. Em 2021 foram 11 registros, sendo nove tentativas e dois consumados. Em 2019 e 2020, foram sete casos em cada ano, sendo dois consumados e 12 tentativas. 

Além disso, informações  divulgadas pelo Município de Uberlândia a partir de  um cruzamento de dados do aplicativo Salve Maria, da Casa da Mulher e da Secretaria Municipal de Saúde revelam que, a partir de março de 2019 até o início do mesmo mês em 2022, 858 notificações de violência doméstica foram atendidas. Desse total, 84% dos casos são reincidentes, quando o crime acontece mais de uma vez com a mesma vítima. O levantamento ainda mostrou que os tipos de violência mais notificados foram  física, psicológica, moral, sexual e patrimonial.

A divulgação da prefeitura revelou também que, dos acionamentos do aplicativo, apenas 50% foram feitos pela própria vítima, enquanto o restante se dividiu entre pessoas anônimas, com 26%, familiares, com 14% e os outros 10% por vizinhos. O número de medidas protetivas concedidas a mulheres em Uberlândia teve um aumento de 54% em 2021, de acordo com dados da TV Integração. 

A estudante Mariana Rempel relata que, ao presenciar um ato de violência contra a mulher ao caminhar por seu bairro, ligou para a polícia para tentar obter ajuda e socorrer a vítima. Segundo ela, mesmo após atenderem a ligação e informarem que iriam comparecer ao local, os policiais não apareceram. “É muito frustrante! A sorte foi que algumas pessoas que também viram começaram a gravar e gritar com o homem que estava tentando forçar a mulher a subir na moto com ele. Levamos ela para dentro de um estabelecimento e o cara foi embora. Se dependesse da polícia, o pior podia ter acontecido. E olha que foi perto de uma delegacia no Roosevelt”, recorda Mariana.

Iara Magalhães, presidente da Organização Não Governamental (ONG) SOS Mulher e Família, informou que no local a vítima pode procurar ajuda mesmo sem o boletim de ocorrência A partir do acolhimento, é traçado um plano de cuidado e é indicado que ela procure outros lugares da rede, que podem auxiliá-la nesse momento vulnerável.

DENÚNCIAS

Para denunciar violências contra mulheres, é possível usar o aplicativo  “Salve Maria“, disponibilizado pela Prefeitura de Uberlândia, como já noticiado aqui na Conexões. A ferramenta oferece dois serviços, o primeiro é o “Botão do Pânico”, que emite um chamado de localização, ou seja, compartilha a localização em tempo real. O segundo é o botão “Denúncia”, com o qual a pessoa encontra um pequeno questionário com perguntas que especificam o tipo de violência, se a denúncia será anônima, dados da vítima e agressor, entre outras. 

Dentro da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) também existe um projeto chamado “Acolhidas”, que visa, sobretudo, escutar e acolher estudantes, professoras e técnicas da UFU que sofreram violência de gênero seja qual ela for. A proposta também garante assessoria jurídica e psicológica e, dependendo da necessidade da acolhida, servem de ponte para direcionar a mulher à instituição que melhor possa suprir suas reivindicações. O contato com o suporte é feito via email (acolhidas.ouvidoria@gmail.com), ou DM no Instagram. 

Outros canais utilizados para realizar qualquer tipo de denúncia de violência contra mulher são:

– Polícia Militar Minas Gerais no 190

– Delegacia Virtual do Estado no site www.delegaciavirtual.sids.mg.gov.br

– Delegacia Especializada de Atendimento às Mulheres (DEAM): 34 3210-8304;

– Defensoria Pública da Mulher: 34 235-0799, 34 3231- 3756, 31 98431-9580

– Centro Integrado da Mulher – CIM: 3231-3756;

– PPVD – Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica: 34 99968-5878 / 34 99639-6932;

– Núcleo de Atenção Integral à Violência Sexual (NUAVIDAS): 34 3218-2157

– Ministério Público: 34 3255-0050

– Defensoria Pública do Estado de MG : (31)98307-5679 / (34)99776-6109 / (34)3235-0799

Agência Conexões
agenciaconexoes@gmail.com
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